Sabe bem este cirandar pelo quarto. Passar os olhos pelos títulos, os dedos pelas lombadas... Este namoro, este flirt... Pego num livro, abro, vejo o número de páginas, sinto o cheiro do papel... De volta para a prateleira! E agarro noutro e assim sucessivamente... Prateleiras e prateleiras deles... - e lembro-me de uma das minhas cenas preferidas da Bela e o Monstro, quando ele lhe oferece a biblioteca!, ou da livraria da Kathleen no You've got mail... (sim meninas, o sonho é sempre o mesmo e aparentemente de todas!)... Suspiro... Olho para eles, todos empilhadinhos, uns em cima dos outros devido à sua quantidade e minha falta de (mais) espaço... Quem será o próximo?... E sorrio ao aperceber-me que já comecei a utilizar "quem" em vez de "qual"...
O que hei-de fazer contigo?
Porquê? Por estar sempre a ler? - Parvo!
(Nem toda a gente aprecia passar os dias de papo para o ar na praia ou com a mente vazia por aí!, era o que te devia ter dito! Deixa lá, já sei que mais tarde ou mais cedo vais voltar a implicar comigo!)
Amores, amores... Já tinha saudades de uma sesta e um livro, um chá e um livro, um alpendre e um livro... De acordar e ver um livro ali, ao meu lado na cama, adormecido comigo...
Friday, June 30, 2006
Regresso
Regresso às fragas de onde me roubaram.
Ah! minha serra, minha dura infância!
Como os rijos carvalhos me acenaram,
Mal eu surgi, cansado, na distância!
-------------------------------------
Cantava cada fonte à sua porta:
O poeta voltou!
Atrás ia ficando a terra morta
Dos versos que o desterro esfarelou.
-------------------------------------
Depois o céu abriu-se num sorriso,
E eu deitei-me no colo dos penedos
A contar aventuras e segredos
Aos deuses do meu paraíso.
------------------------------------
Miguel Torga
Isto das férias lembrou-me este poema. É como um regresso, um chegar ao quarto de todas as noites de malas cheias (com quê?, de que viagem?) e dizer "Aqui estou eu! finalmente em casa!"... E olho para o vazio... - aqui estou eu, eu e mais ninguém neste espaço... Eu, eu, eu natural, sem horários malucos, tempo para olhar para o meu reflexo... E é estranho, surreal mesmo, passar das noitadas e do marranço, e do corropio geral para esta inércia. Silencioso e sem gravidade, como na lua... Mas estou aqui. E vou apreciar estes meses comigo, nestes dias zen, sestas e tarefas de fada do lar, como quando era pequena...
*devido às manias deste blog tive de recorrer aos traços para simular a mudança de estrofe.
Monday, June 26, 2006
To Lucy Barfield
My dear Lucy,
I wrote this story for you, but when I began it I had not realized that girls grow quicker than books. As a result you are already too old for fairy tales, and by the time it is printed and bound you will be older still. But some day you will be old enough to start reading fairy tales again. You can then take it down from some upper shelf, dust it, and tell me what you think of it. I shall probably be too deaf to hear, and too old to understand, a word you say, but I shall still be
Não sei, achei giro... Acho que voltei (se é que algum dia saí) ao mundo dos contos de fadas...
I wrote this story for you, but when I began it I had not realized that girls grow quicker than books. As a result you are already too old for fairy tales, and by the time it is printed and bound you will be older still. But some day you will be old enough to start reading fairy tales again. You can then take it down from some upper shelf, dust it, and tell me what you think of it. I shall probably be too deaf to hear, and too old to understand, a word you say, but I shall still be
your affectionate Godfather,
C. S. Lewis
Não sei, achei giro... Acho que voltei (se é que algum dia saí) ao mundo dos contos de fadas...
Sunday, June 25, 2006
Café de viena e stracciatella
Sós, como já não acontecia há muito tempo. Já tinha saudades, muitas. Fazia-me falta a tua companhia como dantes, as nossas conversas, as tuas (nossas) parvoíces. Rir até chorar, conversas francas sem interrupções ou limites de horário... E nessa noite deixo-te falar até não teres mais nada a dizer sobre o assunto, e não me sinto minimamente incomodada, nem se me interrompes para voltar à tua conversa. Não há ninguém connosco, não preciso de ter pressa para te falar da minha vida. Digo para mim mesma, baixinho para ninguém ouvir, como soube bem essa noite em que não te partilhei com ninguém. Ciúmes? sim, um bocadinho. Já sabes que nem sempre o que sinto coincide com o que penso, e que nunca me insurgiria se não achasse que tenho razão naquilo que sinto (e neste caso não acho que tenha). Tu tens outras prioridades, outras paixões - eu compreendo e apoiar-te-ei sempre, mesmo quando ao fazê-lo perceba que fique mais tempo sem estar contigo. A vida é mesmo assim. Um dia também virá alguém que me fará optar por estar um pouco menos tempo contigo. E não faz mal.
Mas por agora agradeço a noite que passámos (bonding time!). E agora abre as asas e voa, vai viver o teu Verão, mas sempre que puderes manda um postal! ou deixa-me ir contigo quando puder ser...
Mas por agora agradeço a noite que passámos (bonding time!). E agora abre as asas e voa, vai viver o teu Verão, mas sempre que puderes manda um postal! ou deixa-me ir contigo quando puder ser...
O sol brilhando cá dentro
Viva... Senti-me viva, como há muito tempo não me sentia, pelo menos não nesta esfera. Feliz, muito. Recompensada? Completamente! Suspiro... Custa afastarmo-nos de um castelo que acabou por ser levado pelas ondas, sabendo que a única solução será recomeçar de novo noutro lugar. Foi assim com a salsa. Cheguei a um ponto tão alto como nunca pensei chegar, até que subitamente o meu balão de ar quente começou a descer. Morrendo aos poucos. As pessoas deixaram de aparecer e eu fui começando a sentir-me sufocada, sem pares para dançar, sozinha num espaço tão cheio de estranhos. Relutante, deixei o meu navio naufragado para construir uma nova embarcação que me levasse a portos tão solarengos como os anteriores, esperançosamente mais definitivos.
Começar de novo depois de ter chegado tão longe... Dói, mas é mesmo assim. Uma escola nova, professores, colegas e amigos novos, nada de extraordinário, não fosse eu o pequeno caracol tímido que sou! Enfim, lá recomeçavam as conquistas - um sorriso, um "olá!", o nosso nome pronunciado, perguntas, pequenas conversas, um convite, (...) uma amizade!
Finalmente parece que começo a ver uma luz no fundo do túnel. Sempre soube que esta era uma empresa que daria trabalho, que não seria fácil. Mas também sempre tive a total consciência de que este era um muro que queria ver derrubado. Porque me parecia merecê-lo. Porque me parecia que esta era uma instituição, mais sólida, improvável de ruir como a anterior, tal como uma família que, desde esta nova turma, me parece mais... afável... Tão semelhante com o sonho que deixei para trás...
Relembro o meu post da Tender trap. Prometi a mim mesma conquistar o meu lugar como uma igual, como membro pertencente desta família - ter um lugar nas fotografias de família! Devagarinho parece que vou encaixando (como diria a marina, "Baby steps!"). Tudo parece ter um significado maior - fico feliz (tão feliz!) quando oiço o meu nome, quando percebo que há conversas para mim (ao invés de serem apenas conversas em que eu tenho permissão para ouvir e potencialmente, quem sabe, participar), quando me convidam para dançar, quando a minha presença no cinema não é indesejada, quando me é pedido várias vezes para jogar um desporto para o qual não tenho jeito, apenas disposição!
E hoje foi um dia assim. O primeiro dia de praia - a tomada de consciência de que estou mesmo de férias -, o mar, a praia, o sol, tanta gente, tantos sorrisos, tanta boa disposição... E houve conversas, e houve volley, e houve claques, banhos de mar (com conversas ou shakespeare!), amizades a formarem-se, risos, sandes de atum e cerejas, houve eu com amigos - e fiquei feliz, feliz por ver tanta gente à minha volta, feliz por me sentir em casa...
Começar de novo depois de ter chegado tão longe... Dói, mas é mesmo assim. Uma escola nova, professores, colegas e amigos novos, nada de extraordinário, não fosse eu o pequeno caracol tímido que sou! Enfim, lá recomeçavam as conquistas - um sorriso, um "olá!", o nosso nome pronunciado, perguntas, pequenas conversas, um convite, (...) uma amizade!
Finalmente parece que começo a ver uma luz no fundo do túnel. Sempre soube que esta era uma empresa que daria trabalho, que não seria fácil. Mas também sempre tive a total consciência de que este era um muro que queria ver derrubado. Porque me parecia merecê-lo. Porque me parecia que esta era uma instituição, mais sólida, improvável de ruir como a anterior, tal como uma família que, desde esta nova turma, me parece mais... afável... Tão semelhante com o sonho que deixei para trás...
Relembro o meu post da Tender trap. Prometi a mim mesma conquistar o meu lugar como uma igual, como membro pertencente desta família - ter um lugar nas fotografias de família! Devagarinho parece que vou encaixando (como diria a marina, "Baby steps!"). Tudo parece ter um significado maior - fico feliz (tão feliz!) quando oiço o meu nome, quando percebo que há conversas para mim (ao invés de serem apenas conversas em que eu tenho permissão para ouvir e potencialmente, quem sabe, participar), quando me convidam para dançar, quando a minha presença no cinema não é indesejada, quando me é pedido várias vezes para jogar um desporto para o qual não tenho jeito, apenas disposição!
E hoje foi um dia assim. O primeiro dia de praia - a tomada de consciência de que estou mesmo de férias -, o mar, a praia, o sol, tanta gente, tantos sorrisos, tanta boa disposição... E houve conversas, e houve volley, e houve claques, banhos de mar (com conversas ou shakespeare!), amizades a formarem-se, risos, sandes de atum e cerejas, houve eu com amigos - e fiquei feliz, feliz por ver tanta gente à minha volta, feliz por me sentir em casa...
Saturday, June 24, 2006
Porto sentido
Quem vem e atravessa o rio
Junto à serra do Pilar
Vê um velho casario
Que se estende ate ao mar
Quem te vê ao vir da ponte
És cascata, são-joanina
Dirigida sobre um monte
No meio da neblina.
Por ruelas e calçadas
Da Ribeira até à Foz
Por pedras sujas e gastas
E lampiões tristes e sós.
E esse teu ar grave e sério
Dum rosto e cantaria
Que nos oculta o mistério
Dessa luz bela e sombria
Ver-te assim abandonada
Nesse timbre pardacento
Nesse teu jeito fechado
De quem mói um sentimento
E é sempre a primeira vez
Em cada regresso a casa
Rever-te nessa altivez
De milhafre ferido na asa
Ver-te assim abandonada
Nesse timbre pardacento
Nesse teu jeito fechado
De quem mói um sentimento
E é sempre a primeira vez
Em cada regresso a casa
Rever-te nessa altivez
De milhafre ferido na asa
Rui Veloso
Ontem cheguei a casa, cansada de tantas noitadas seguidas, mistura de estudo intensivo com borgas para rebentar. Tinha pouco mais de uma hora para mim, uma hora para relaxar e descançar. Vesti a camisa de noite, abri a cama... Não, ainda não estava bem assim. Liguei o computador e as colunas, escolhi as músicas de Rui Veloso, as mais calmas - Porto Côvo, Cavaleiro andante, Sei de uma camponesa, Logo que passe a monção, Porto sentido... Sim! Era isso que faltava! Esse gosto de algo... que pertença ao resto da minha vida. Algo que tenha estado sempre lá, desde pequenina. Aquele gosto familiar, seguro, que nos faz mesmo dormir como crianças. E dormi, calma, relaxada, não apenas porque por si já tinha sono, mas sobretudo porque tinha comigo aquela voz, portuguesa por sinal, que me embala tão bem... E por uma hora foi como se fosse outra vez uma criança a dormir a sesta numa casa de praia...
Mais uma vez relembro o maestro Vitorino d'Almeida, quando numa entrevista o ouvir dizer que muitas vezes costumavam adormecer, ele e a cadela, a ouvir música e que tal não tem de ser um motivo de vergonha, pelo contrário - adormecer com música pode ser não um reflexo de tédio, mas sim um reflexo de relaxamento.
Saturday, June 17, 2006
130.
My mistress' eyes are nothing like the sun;
Coral is far more red than her lips' red;
If snow be white, why then her breasts are dun;
If hairs be wires, black wires grow on her head;
I have seen roses damasked, red and white,
But no such roses see I in her cheeks;
And in some perfumes is there more delight
Than in the breath that from my mistress reeks.
I love to hear her speak, yet well I know
That music hath a far more pleasing sound;
I grant I never saw a goddess go;
My mistress when she walks treads on the ground.
And yet, by heaven, I think my love as rare
As any she belied with false compare.
William Shakespeare
[imaginem a voz do Alan Rickman...] Já tinha saudades deste soneto. Não que seja o meu preferido, mas há que admirar como mesmo depois (e apesar) da desmontagem de todos os chavões da época o sentimento amoroso prevalece... (e agora vou-me calar, visto que não sou a zulmirinha!)
Friday, June 16, 2006
Criancices
Porque é que não queres que vá ao teu blog?
Porque ias dizer que são tudo criancices, pensei. É verdade.
Sem querer acusar-te, toda a minha vida catalogaste as minhas pequenas alegrias como criancices. As bolinhas de sabão à noite, o fascínio por comprar um íman novo, a relutância em não deitar fora todos os peluches, o bater palmas em cada genérico dos Friends...
Por isso vejo desenhos animados quando não estás, espero que te vás deitar para fazer as bolinhas de sabão, poupo-te às minhas superstições, tiques e manias que para outros me tornam tão “especial”. Porque para ti são criancices. Não que me consideres uma criança, apenas gostas de me catalogar como tal, como se com isso me fizesses mais pequena (e perto de ti). Ou porque é uma resposta rápida e que sabes que me pica! Tu gostas destas provocações que tendem a deixar-me histérica, caso não te cales.
Mas depois sentes-te de parte. E eu tenho pena, mas é mesmo assim. Por muito insignificantes que sejam para ti as minhas “criancices”, é por as chamares de tal que eu não te quero no me blog. Custa-me rejeitar-te, a ti que és das pessoas mais importantes, a ti que queria mostrar tudo, mas tem mesmo de ser! Porque não consigo suportar a ideia de fazeres piadas dos meus devaneios. Porque ambos sabemos que está na tua natureza fazê-las, não consegues evitar, e eu prefiro conservar o meu espaço e o meu coração assim – sem rótulos.
Porque ias dizer que são tudo criancices, pensei. É verdade.
Sem querer acusar-te, toda a minha vida catalogaste as minhas pequenas alegrias como criancices. As bolinhas de sabão à noite, o fascínio por comprar um íman novo, a relutância em não deitar fora todos os peluches, o bater palmas em cada genérico dos Friends...
Por isso vejo desenhos animados quando não estás, espero que te vás deitar para fazer as bolinhas de sabão, poupo-te às minhas superstições, tiques e manias que para outros me tornam tão “especial”. Porque para ti são criancices. Não que me consideres uma criança, apenas gostas de me catalogar como tal, como se com isso me fizesses mais pequena (e perto de ti). Ou porque é uma resposta rápida e que sabes que me pica! Tu gostas destas provocações que tendem a deixar-me histérica, caso não te cales.
Mas depois sentes-te de parte. E eu tenho pena, mas é mesmo assim. Por muito insignificantes que sejam para ti as minhas “criancices”, é por as chamares de tal que eu não te quero no me blog. Custa-me rejeitar-te, a ti que és das pessoas mais importantes, a ti que queria mostrar tudo, mas tem mesmo de ser! Porque não consigo suportar a ideia de fazeres piadas dos meus devaneios. Porque ambos sabemos que está na tua natureza fazê-las, não consegues evitar, e eu prefiro conservar o meu espaço e o meu coração assim – sem rótulos.
Thursday, June 15, 2006
Quem espera desespera!
Benedick e Beatrice
Elizabeth e Mr. Darcy
Bela e o Monstro
Candler e Monica
Henry Higgins e Eliza Doolitle
Scarlett e Rhett
Ron e Hermione
Elise e Steven Keaton
Elinor Dashwood e Edward Ferrars
Tarzan e Jane
Tom Cruise e cientologia
………………
Cada um tem o seu par… Cada princesa o seu príncipe / sapo... A ampulheta corre e eu espero, da forma mais pacífica e calma possível... Sigo com a minha vida para a frente, vivo e desenvolvo-me... Carpe diem, é o chavão que todos usam – deixa que isso um dia há-de acontecer!... E eu tento acreditar! Eu quero acreditar! Existência preenchida, tempo meticulosamente distribuído... Mas quando a noite chega, quando as trovoadas não me deixam dormir, olho para trás, para a minha praia vazia, na esperança de ver surgir no horizonte um segundo par de pegadas...
Elizabeth e Mr. Darcy
Bela e o Monstro
Candler e Monica
Henry Higgins e Eliza Doolitle
Scarlett e Rhett
Ron e Hermione
Elise e Steven Keaton
Elinor Dashwood e Edward Ferrars
Tarzan e Jane
Tom Cruise e cientologia
………………
Cada um tem o seu par… Cada princesa o seu príncipe / sapo... A ampulheta corre e eu espero, da forma mais pacífica e calma possível... Sigo com a minha vida para a frente, vivo e desenvolvo-me... Carpe diem, é o chavão que todos usam – deixa que isso um dia há-de acontecer!... E eu tento acreditar! Eu quero acreditar! Existência preenchida, tempo meticulosamente distribuído... Mas quando a noite chega, quando as trovoadas não me deixam dormir, olho para trás, para a minha praia vazia, na esperança de ver surgir no horizonte um segundo par de pegadas...
A última matrioska
Pergunto-me se alguma vez as pessoas as pessoas se chateiam com os meus posts e problemas. Se se cansam de ouvir falar de espanta-espíritos, canecas de chá, sonhos e utopias... se se cansam de mim...
Visito blogs… Tanta gente diferente! E não consigo deixar de notar, como no fundo somos sempre nós. Os mesmos, os iguais, os fieis à sua natureza...
A joana com posts minúsculos e humorísticos, a xary com com aquela expressividade transparente, a sancie com meninas e fotos a preto e branco, a marina com as micro-frases, ventos e príncipes encantados...
As pessoas vêem e vão, o tempo passa, mas nós continuamos aqui. Tempestades e bonanças, temperamentos variados, problemas que assombram o nosso pequeno porto, mas sempre as nossas palavras nos reflectem, mesmo quando dizemos coisas tão diferentes, somos sempre... genuínos.
(como a última matrioska, pequenina e selada)
Embora isto possa soar como uma desilusão, mesmo como uma traição ao caracter progressista e metamórfico da nossa natureza, é reconfortante saber que há algo que traremos sempre connosco, imútavel e verdadeiro, contra ventos e marés...
Visito blogs… Tanta gente diferente! E não consigo deixar de notar, como no fundo somos sempre nós. Os mesmos, os iguais, os fieis à sua natureza...
A joana com posts minúsculos e humorísticos, a xary com com aquela expressividade transparente, a sancie com meninas e fotos a preto e branco, a marina com as micro-frases, ventos e príncipes encantados...
As pessoas vêem e vão, o tempo passa, mas nós continuamos aqui. Tempestades e bonanças, temperamentos variados, problemas que assombram o nosso pequeno porto, mas sempre as nossas palavras nos reflectem, mesmo quando dizemos coisas tão diferentes, somos sempre... genuínos.
(como a última matrioska, pequenina e selada)
Embora isto possa soar como uma desilusão, mesmo como uma traição ao caracter progressista e metamórfico da nossa natureza, é reconfortante saber que há algo que traremos sempre connosco, imútavel e verdadeiro, contra ventos e marés...
Sunday, June 11, 2006
Livros e amores
E assim o terramoto passou... ou quase! Espero ainda uma réplica, mais pequena, daqui a uma semana. Por agora fico assim... Respiro fundo, deixo-me estar... Prometi tanta coisa, queria tanta coisa, e agora que tenho o tempo, fico parva deitada na minha cama, ainda a tentar perceber se isto é real. Poderá mesmo ser verdade que estamos quase no fim??... Olho para os livros e dvds, namoro-os lentamente, quase como uma pequena tortura que me imponho. Como se não houvesse mesmo pressa, como se tivesse todo o tempo do mundo.
Regresso a portos tão familiares, por amor. Aquela peça que tão bem conheço, o novo romance que não quero largar, o filme que me habituei a ter sempre no leitor de dvds... Tenho tanto para ler, tanto para ver, tanto à minha espera... mas volto sempre ao que já conheço, onde já nada pode ser inesperado... É mesmo por amor, digo a mim mesma. Somos como enamorados destinados a encontrar-se todas as noites. Páginas sublinhadas, palavras sabidas, lombadas dobradas do uso... E mesmo assim não consigo deixar de ir ter com vocês, que já ganharam espírito, que vos sinto naturais na minha mão quando vos levo comigo, como se já fizessem parte de mim. E penso que foi por isto que escolhi este curso. Porque tenho amores entre seres inanimados, porque adoro as infinitas possibilidades e destinos que posso ter tem vocês, meus companheiros de tantos anos...
[bolinhas de sabão à janela]
Penso em coisas completamente diferentes, em pessoas diferentes, numa pessoa... E é absurdo! É platónico de cima abaixo! Amor? Tão longe disso... - não sou nenhuma adolescente idiota com posters no quarto e um clube de fãs! É mais admiração. E uma ternura imensa pelas personagens, mesmo aquela que nos últimos dias fui ensinada a odiar! Seu realizador manhoso que foste tornar Frankenstein tão inocente!... Sabem aqueles homens, aquelas personagens com ar de putos, ou um qualquer não-sei-quê que nos fazem sorrir de carinho, naquela do "Ooooh! Tão fofo!!!"... E não é amor, mas há qualquer coisa que derrete! E fazemos uma nota mental de procurar também isso num futuro amor...
E nestas alturas, nestes dias fico aqui esperando... Esperando que o vento me traga um Benedick... Estou calma, pacífica. A minha vida segue, sem dramas, mas de vez em quando olho pela janela, como se esperasse vê-lo... E levo a janela comigo, sempre. Porque desta vez, posso esperar, mas não parada no cimo de um torre de marfim...
Regresso a portos tão familiares, por amor. Aquela peça que tão bem conheço, o novo romance que não quero largar, o filme que me habituei a ter sempre no leitor de dvds... Tenho tanto para ler, tanto para ver, tanto à minha espera... mas volto sempre ao que já conheço, onde já nada pode ser inesperado... É mesmo por amor, digo a mim mesma. Somos como enamorados destinados a encontrar-se todas as noites. Páginas sublinhadas, palavras sabidas, lombadas dobradas do uso... E mesmo assim não consigo deixar de ir ter com vocês, que já ganharam espírito, que vos sinto naturais na minha mão quando vos levo comigo, como se já fizessem parte de mim. E penso que foi por isto que escolhi este curso. Porque tenho amores entre seres inanimados, porque adoro as infinitas possibilidades e destinos que posso ter tem vocês, meus companheiros de tantos anos...
[bolinhas de sabão à janela]
Penso em coisas completamente diferentes, em pessoas diferentes, numa pessoa... E é absurdo! É platónico de cima abaixo! Amor? Tão longe disso... - não sou nenhuma adolescente idiota com posters no quarto e um clube de fãs! É mais admiração. E uma ternura imensa pelas personagens, mesmo aquela que nos últimos dias fui ensinada a odiar! Seu realizador manhoso que foste tornar Frankenstein tão inocente!... Sabem aqueles homens, aquelas personagens com ar de putos, ou um qualquer não-sei-quê que nos fazem sorrir de carinho, naquela do "Ooooh! Tão fofo!!!"... E não é amor, mas há qualquer coisa que derrete! E fazemos uma nota mental de procurar também isso num futuro amor...
E nestas alturas, nestes dias fico aqui esperando... Esperando que o vento me traga um Benedick... Estou calma, pacífica. A minha vida segue, sem dramas, mas de vez em quando olho pela janela, como se esperasse vê-lo... E levo a janela comigo, sempre. Porque desta vez, posso esperar, mas não parada no cimo de um torre de marfim...
Friday, June 09, 2006
Frankenstein
"You, who call Frankenstein your friend, seem to have a knowledge of my crimes and his misfortunes. But, in the detail which he gave you of them, he could not sum up the hours and months of misery which I endured, wasting in impotent passions. For while I destroyed his hopes, I did not satisfy my own desires. They were forever ardent and craving; still I desired love and fellowship, and I was still spurned. Was there no injustice in this? Am I to be thought the only criminal, when all human kind sinned against me? Why do you not hate Felix, who drove his friend from the door with contumely? Why do you not execrate the rustic who sought to destroy the saviour of his child? Nay, these are virtuous and immaculate beings! I, the miserable and the abandoned, am an abortion, to be spurned at, and kicked, and trampled on."
Sim, gostei mesmo muito do livro... (lágrima no canto do olho!...)
Saturday, June 03, 2006
The importance of being Earnest - Muffins!
Jack: How you can sit there, calmly eating muffins when we are in this horrible trouble, I can’t make out. You seem to me to be perfectly heartless.
Algernon: Well, I can’t eat muffins in an agitated manner. The butter would probably get on my cuffs. One should always eat muffins quite calmly. It is the only way to eat them.
Jack: I say it’s perfectly heartless your eating muffins at all, under the circumstances.
Algernon: When I am in trouble, eating is the only thing that consoles me. Indeed, when I am in really great trouble, as anyone who knows me intimately will tell you, I refuse everything except food and drink. At the present moment I am eating muffins because I am unhappy. Besides, I am particularly fond of muffins. (rising)
Jack (rising): Well, that is no reason why you should eat them all in that greedy way. (takes muffins from Algernon)
Algernon (offering tea-cake): I wish you would have tea-cake instead. I don’t like tea-cake.
Jack: Good heavens! I suppose a man may eat his own muffins in his own garden.
Algernon: But you have just said it was perfectly heartless to eat muffins.
Jack: I said it was perfectly heartless of you, under the circumstances. That is a very different thing.
Algernon: That may be. But the muffins are the same. (he seizes the muffin-dish from Jack)
Algernon: Well, I can’t eat muffins in an agitated manner. The butter would probably get on my cuffs. One should always eat muffins quite calmly. It is the only way to eat them.
Jack: I say it’s perfectly heartless your eating muffins at all, under the circumstances.
Algernon: When I am in trouble, eating is the only thing that consoles me. Indeed, when I am in really great trouble, as anyone who knows me intimately will tell you, I refuse everything except food and drink. At the present moment I am eating muffins because I am unhappy. Besides, I am particularly fond of muffins. (rising)
Jack (rising): Well, that is no reason why you should eat them all in that greedy way. (takes muffins from Algernon)
Algernon (offering tea-cake): I wish you would have tea-cake instead. I don’t like tea-cake.
Jack: Good heavens! I suppose a man may eat his own muffins in his own garden.
Algernon: But you have just said it was perfectly heartless to eat muffins.
Jack: I said it was perfectly heartless of you, under the circumstances. That is a very different thing.
Algernon: That may be. But the muffins are the same. (he seizes the muffin-dish from Jack)
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