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Tuesday, May 29, 2007

Little love

Porque será que o amor pelos pequeninos é tão diferente? Tão grande desde o primeiro dia, tão inchado que por vezes parece que vamos chorar só de olhar para eles a dormirem calmamente à nossa beira. Porquê? Esta necessidade de cobrir cada centrímetro de beijos e festas, sempre, até que eles se fartam e nos puxam o cabelo. Que fizeram eles para isto? Será só da pele macia e tão branca, do palrar que ainda não é nada mas já parece tanto, dos olhos que olham bem para dentro de nós e dos braços que nos puxam para mais perto? Esta sensação que venha o que vier e quem vier serão eles sempre os primeiros do nosso coração. Aquele sorriso pequenino que seca qualquer lágrima, por mais amarga que seja, que aquece por dentro. Acho que é o sentir o nosso sangue pulsar ali, saber que estaremos ligados para sempre, não importa o que possa acontecer. É o acreditar no mais dentro de nós que subterfúgios nunca serão necessários. Que nunca seremos traídos ou enganados, que podemos amar de peito aberto. Incondicionalmente. Todos os dias.
E pensar que já lá vão dezanove anos...

On an old piece of paper...

... it said: "to my oyster", and as the words sank in again a little tear came down my face.

Friday, May 25, 2007

Banco de jardim

No jardim havia um banco. Grande e de madeira, daqueles em que se sentam uma multidão de problemas e sonhos. Numa ponta está a timidez e a ferrugem, noutra a desenvoltura e a espontaneidade. A menina nasceu na última ponta mas a vida trocou-lhe as voltas e sentou-a do outro lado. E ela ali ficou, sem perceber bem porquê, sabendo que estava no lado errado. Um dia resolveu sentar-se no lugar que lhe pertencia, mas não era assim tão fácil. A menina tinha crescido na sombra e agora é preciso aprender a suportar a luz. Passar do sossego ao movimento. Devagarinho, centrímetro a centímetro, ela avança até ao outro lado do banco como se tentasse domar um astro. No fundo é como se houvesse uma segunda pele por cima da dela que lhe dificultasse fazer meio quando sem ela a menina facilmente fazia todo. Há que aprender agora a ser natural. O problema está na canalização. Assim que ela descobrir a utilizar os seus instintos empoeirados todas as barreiras cairão por terra. Sabendo isto a menina vai tentando, aos poucos, até (um dia) encontrar o caminho certo que a leve de volta.

Vontade não me faltou!

Wednesday, May 23, 2007

Tuesday, May 22, 2007

Mary Reilly - Haunting

Many times as I am going out of a room I look back to see him working at his desk or pacing about before the fire and I want to say, He is gone. Must he still stand between us?
But I know there is no help for it. Mr Edward Hyde will never leave us. Everything we do in this house is to cover the place where he is still. The way we never speak of him speaks of him. I never enter a room but I expect to find him there. Even now, sitting quietly at the end of the day with my candle and my journal, I seem to hear his strange light footspet on the stair.

Mary Reilly, Valerie Martin

O bom tempo já voltava...


Mary Reilly # 3

"And poor Danvers Carrew. He was a harmless old hypocrite."

Mary Reilly, Valerie Martin

Sunday, May 20, 2007

Mary Reilly - Sleepless in the night

There. I hear Master coming in from his laboratory, climbing through the dark, still house and thinking we are all of us asleep in our beds while he is left alone, awake. Can he feel that I am here, listening to him, sleepless on his account? Will he think of me as he goes into his room, lights the lamp I trimmed for him, sits on the bed I made for him, drinks the water I brought up for him, or perhaps lights the fire I laid for him and stands gazing at the burning coals until sleep finally finds us both?

Mary Reilly, Valerie Martin

Friday, May 18, 2007

Ver os dias que passam

Costumava pensar que não vivia o suficiente. Olhava para os outros sempre de um lado para o outro e eu aqui dentro de quatro paredes. Durante o ano lectivo passava o meu tempo livre no quarto, nas férias continuava no mesmo sítio. Nada de festas, de grandes sozializações. Havia algo de errado. Agora, com a promessa de férias já a desenhar-se lá longe no horizonte já não quero sair. Abracei a minha natureza assim e não a queria de outra forma. Quero dias de lazer não para ir para grandes raves e bebedeiras mas para sossegadamente viajar por páginas desconhecidas. Por redescobrir a minha língua escrita. Por ouvir a brisa a passar pelos espanta-espíritos depois do almoço. Sair sim, mas não para sítios que sejam comummente apelidados de in. Anseio por ritmos mais calientes, os mesmos de sempre, por um mundo à parte do resto de mim, pelas caras e os sorrisos de sempre. No fim não importa nada as críticas que façam sobre como giro o meu tempo. Gosto-me assim.

Mary Reilly - Mrs Farraday

In a moment the door flew openand I was seized up by the cold, mean, hungry eyes of a woman who I could see greeted every new face as an occasion for suspicion and contempt. She was tall, not well dressed but not in the poor rags of her neighbourson the street by any means, and her hair, which was wiry, silver with age, untidy, seemed to stand out about her face in anger. Though her dress was clean it was cut too low for morning, and the bones that protuded at her throat, where some gentlewoman might place a locket or a bit of ribbon, stuck out looking raw,angry, like the rest of her. When she spoke, which she did at once, her voice was husky, her accent as rude as if she hated the words she spoke.
Valerie Martin, Mary Reilly

Tuesday, May 15, 2007

Pretend

'I'm sorry, Mr Stevens,' Miss Kenton said behind mein an entirely new voice, as though she had just been jolted from a dream, 'I don't understand you.' The as I turned to her, she went on: 'As I recall, you thought it was only right and proper that Ruth and Sarah be sent packing. You were positively cheerful about it.'
'Now really, Miss Kenton, that is quite incorrect and unfair. The whole matter caused me great concern, great concern indeed. It is hardly the sort of thing I like to see happen in this house.'
'Then why, Mr Stevens, did you not tell me so at the time?'
I gave a laugh, but for a moment was rather at a loss for an answer. Before I could formulate one, Miss Kenton put down her sewing and said:
'Do you realise, Mr Stevens, how much it would have meant to me if you had thought to share your feelings last year? You knew how upset I was when my girls were dismissed. Do you realise how much it would have helped me? Why, Mr Stevens, why, why, why do you always have to pretend?'
The remains of the day

The remains of the day, Kazuo Ishiguro

Saturday, May 12, 2007

Where's my teddy bear tonight?


Weirdness

Dia tão escuro, triste... estranho. Filme cinzento a condizer. Sinto-me mal, começando a tocar o macambúzio. Apetece-me embrulhar-me nos lençóis, dormir e esquecer. Recomeçar amanhã. Este dia sabe mal. Bocejo sem sono e não sei que faça de mim. O trabalho chama. O trabalho fede a negro. Que mais fazer?... Suspiro. Faço chá numa caneca bem colorida e sento-me em frente das sebentas. Respiro bem fundo e cá vou eu...

Thursday, May 10, 2007

Frenchmen!

I can remember one morning around this time bringing Lord Darlington coffee in the breakfast room, and his saying to me as he folded The Times with some disgust: "Frenchmen. Really, I mean to say, Stevens. Frenchmen."
"Yes, sir."
"And to think we have to be seen by the world to be arm in arm with them. One wishes for a good bath at the mere reminder."
Kazuo Ishiguro, The remains of the day

Sunday, May 06, 2007

I won't dance*

Ainda não esqueci o que me disseste naquela sexta-feira. Tantos dias e tantas noites já passaram e no entanto cada kizomba me lembro disso. Não voltei a ser a mesma. Agora que me diagnosticaste um problema que nem me tinha ocurrido que tinha oiço a tua voz encaixada no compasso. Não consigo simplesmente fechar os olhos e entregar-me como antes. Tenho medo de continuar nesta ilusão. Enquanto não rectificar esta falha duvido que consiga dançar sem culpas. A minha mente já não desliga como antes. Sinto-me mal, errada, considerando a hipótese de que tudo isto possa ser descartável cá dentro. E no meio desta confusão o que me assusta é que não consigo ver nenhuma forma de resolver o problema. Busco as tuas palavras mais uma vez e não encontro mais nada senão a constatação do que está errado. Deixaste-me com este buraco no peito e agora não sei como o colmatar.
*I won't dance, Frank Sinatra

Friday, May 04, 2007

Restraint

I would say that it is the very lack of obvious drama or spectacle that sets the beauty of our land apart. What is pertinent is the calmness of that beauty, its sense of restraint. It is as though the land knows of its own beauty, of its own greatness, and feels no need to shout it. In comparison, the sorts of sights offered in such places as Africa and America, though undoubtedly very exciting, would, I am sure, strike the objective viewer as inferior on account of their unseemly demonstrativeness.

The remains of the day, Kazuo Ishiguro

Wednesday, May 02, 2007

Heaven, I'm in heaven!*


Acho que morri e fui para o céu!
*Cheek to cheek, Ella Fitzgerald