É um facto que comprar um vestido para um casamento é tortura! Primeiro não é fácil encontrar algo que possa potencialmente ficar-nos bem - o material, o corte, a cor, o comprimento, o decote; é um processo complexo. Depois, quando encontramos uns poucos sobreviventes a esta selecção... não há o nosso número! Procura-se e procura-se até encontrar mais alguns resistentes. Infelizmente a passagem para o provador traz novos dramas: não sei se é da luz ou dos espelhos, mas não há um provador que não me faça sentir que não ganhei instantaneamente dez quilos. Eu toda lampeira a pensar que ia fazer o papel da senhora histérica do anúncio da Adagio ou das meninas das Formas Luso... népia! Eis senão quando o encontramos - um vestido magnífico, escondidinho entre cabides. O decote certo, a cor perfeita, um toque espantoso e ainda por cima cai-nos como uma luva. Tão bem que nunca o queremos despir. Enterrem-nos com ele! Ouvem-se os sinos, ouvem-se coros celestiais até que alguém aponta o óbvio, uma pequena grande razão que nos faz ter de o colocar no cabine afastarmo-nos dele pesarosamente. Deprimidas e cansadas resolvermos parar a procura do vestido e passar aos sapatos. Vira o disco e toca o mesmo: o tamanho do salto, a espessura do salto, o material, a cor, o formato - é vê-los a serem abatidos uns atrás dos outros. De repente há algo que nos sorri... um sapatinho bonito, que nos fica bem, da cor que procurávamos e que nos dá estabilidade para andar pelas ruas tortuosas da cidade. Surpresa das surpresas: não há o nosso número! Não, não... calma, manda-se vir de outra loja - também não há! Noutra cor - também não há! Foda-se...
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