Chás, xaropes, comprimidos para a tosse. Não consigo dizer duas frases inteiras sem desatar a tossir. A garganta arranhada, a voz sempre rouca. Ligo a adiar mais uma aula. Odeio não ter a voz em condições! Pesa-me na alma não poder voar. Fechar os olhos e brincar com o ar dentro de mim - nada disso! Tomar banho e cozinhar em silêncio. Como se parte de mim estivesse morta. Arriscar uns poucos compassos e aperceber-me de como estou diminuída. Presa cá dentro... Suspiro e oiço os outros. Sinto um vazio cá dentro. E embora esteja tão ocupada na minha luta contra livros e sebentas custa-me que a cada cinco minutos esta minha mortalidade me atinja como um raio. Esta espera atormenta-me ao âmago, a mim que tenho tantas saudades...
Thursday, December 28, 2006
Wednesday, December 27, 2006
Mudanças
I must say that I don't like moving about from one home to another; one gets so pleasantly used to all the detail of life about one; it fits so harmoniously and happily into one's own life, that beginning again, even in a small way, is a kind of pain.
William Morris, News from Nowhere
Finalmente algo que me liga a este livro! Não gosto de mudanças. Sou uma pessoa de raizes, afeiçoo-me ao que tenho e pronto! Não percebo essa fúria de correr o mundo de verdade. Amigos em vários países, visitas constantes ao resto do globo. Para mim o único recanto que preciso é a minha cadeira de baloiço e os meus livros. E as pessoas. O que mais me custa são as pessoas. Porque não sou de me dar muito a príncipio. Vou aos poucos, como um gato desconfiado até que me sinta em casa e apartir daí é uma festa em cafeína! Balões todos os dias e muita maluquice e afecto. Mesmo que não mostre - porque nunca fui muito de beijinhos e abraços. Leva o seu tempo, mas quando o gelo é finalmente quebrado e eu começo a ronronar chega a hora da despedida. E já não me lembro de como era a minha vida antes... Não, não gosto de mudanças. Custa-me pensar que o fim está próximo, que não vai sempre assim e que a vida tem de seguir em frente. Olho para as fotos de grupo e parece que já prevejo fantasmas. Como um puzzle que vai perdendo as peças com o tempo. E no fim não me consola muito pensar que não vai doer. Pensar que será o que tiver de ser e que não faz mal. Outras pessoas hão-de vir, novas raizes se irão formar. Sentir que a vida é uma série de relações cruzadas, um "Olá, como estás? Deixa-me partilhar um pouco da minha vida contigo" sem cessar. E por muito que seja um "fenómeno mágico de interacção social" no fim acabo sempre por regressar à minha modesta cadeira e a fotografias desbotadas... Que vou fazer? Esconder-me debaixo da cama? Aninhar-me na minha cadeira de baloiço e esquecer tudo o resto? Não! Há que continuar a viver, a partilhar e a sorrir, mesmo que no fim noventa por cento das nossas relações tenham um prazo de validade.
"como se as pessoas não deixassem um buraco" - De novo aquela minha frase que não consegui esquecer...
Monday, December 25, 2006
Família...
Há algo de estranhamente adorável no facto de a minha avó ainda me oferecer chocolates infantis. Bolinhas do Noddy para pendurar na árvore. Nesta época é bom sentir que não cresci...
Sunday, December 24, 2006
Taking a moment
Acabada de embrulhar, coloco a última prenda debaixo da árvore. Ligo as luzes e sento-me no chão. Tantas prendas e tão meticulosamente dispostas! Sabe bem... Fico ali cinco, dez, quinze minutos. As luzes reflectidas no meu rosto. Quantas estarão ali? Vinte? Trinta? Quarenta?... E só duas são para mim. Não faz mal, nada mesmo. Porque o que me faz sorrir não são quantas prendas eu tenho para mim, mas quantas prendas pensadas e compradas por mim. Tantos rostos para observar na altura de as abrir. Faces que se iluminam, exclamações que se escapam. Tudo isto eu vejo no chão, com restos de fita cola nos dedos e um sorriso nos lábios. Prendas...
Saturday, December 23, 2006
Baby Bee
(este seria o momento em que começaria a cantar histericamente, não fosse eu estar rouca, com voz de desenho-animado e... na net...) ... anyway...
... mente em branco... BOLLOCKS! Isto sem ti é dificil de dizer! Eu quero é dar-te beijinhos e abraços e rir estupidamente e beber café e andar à tua volta a fazer coisas estúpidas, tipo um Pluto bebé!
Parabéns!!
Thursday, December 21, 2006
Schweaty Balls
O sketch de Natal do Saturday Night Live mais nojento de sempre! Nada de mal, apenas verbalmente... imaginativo! Não dá para para de rir!
Tradições natalícias
Sessão de cinema obrigatória em todos os Natais:
- Sozinho em casa
- Sozinho em casa 2
- O amor acontece
- Um porquinho chamado Babe (na noite de 24, bem embrulhada na cama)
- O Quebra-nozes (o bailado, não é aquela fantochada digital da Barbie!)
E viva o Natal!... Infelizmente não sei se vou ter tempo este ano de os ver todos, ossos do ofício!
- Sozinho em casa
- Sozinho em casa 2
- O amor acontece
- Um porquinho chamado Babe (na noite de 24, bem embrulhada na cama)
- O Quebra-nozes (o bailado, não é aquela fantochada digital da Barbie!)
E viva o Natal!... Infelizmente não sei se vou ter tempo este ano de os ver todos, ossos do ofício!
Tuesday, December 19, 2006
Monday, December 18, 2006
Corropio natalício
Palavras minhas... minhas. Há tanto tempo que não pensava por escrito. Já tinha saudades. Não há tempo. Nunca houve muito, mas agora parece que a ampulheta ligou o turbo e o tempo passa a correr. O corropio do Natal sabe bem, é diferente, é tradicional, é alegre. Fazer a árvore de Natal, comprar prendas, fazer embrulhos, preparar a casa, fazer o almoço para a reunião familiar, lavar a baixela, comprar roupa para a passagem de ano... Organizar tempo e dinheiro. O meu e o dos outros. Cumprir com a tradição de ver os mesmos filmes de sempre... Depois infelizmente há o resto da minha vida - as sebentas, os trabalhos, os livros. Sempre ali, sempre a crescer. E o tempo não pára. A manta, o sofá e os dvds chamam-me e eu tenho ido. Não por muito mais tempo, digo a mim mesma. Estas sestas têem de acabar! Está na hora de correr o horário, picar o ponto, mostrar lucro!... Sim! Vamos acreditar que este foi apenas um fim-de-semana. Apartir da próxima manhã começam verdadeiramente as férias e o corropio do resto da minha vida.
Children's letters to God # 4 - especial Natal
DEAR GOD,
I WOULD LIKE THESE THINGS.
a new bicycle
a number three chemistry set
a dog
a movie camera
a first baseman glove
IF I CAN'T HAVE THEM ALL I WOULD LIKE TO HAVE MOST OF THEM.
YOURS TRULY,
ERIC
P.S. I KNOW THERE IS NO SANTA CLAUS.
Já tinha saudades deste livro... O Natal deixa-me particularmente nostálgica (e também um pouco melosa)
Friday, December 15, 2006
The holiday - preview
Existe uma razão pela qual Nancy Meyers é uma das minhas realizadoras preferidas... Muito, muito, muito bom. Daqueles filmes que se vê em qualquer altura, por qualquer razão, uma e outra vez... I guess the question is "what is not so great about The Holiday?"*
*Friends, 3rd season, episode 13
Wednesday, December 13, 2006
Quem conta um conto... # 2
Aulas de I.C.L. são simplesmente mais do que aquilo que consigo aguentar! Ninguém sobrevive decentemente a duas horas de fonemas e morfemas e dialectos e mariquices semelhantes. Mais uma vez recorremos ao poder das composições conjuntas para nos ajudar a passar o tempo. Assim, sem mais demora aqui fica o brilhante resultado:
Era uma vez uma àrvore de Natal que se suicidou após ouvir uma aula de I.C.L., que é uma seca descomunal e nos vai matar a todos de tédio, tornando-se num segundo Holocausto. Mas que holocausto?, disse o Pedro com cara de interrogação. O mistério do assassinato da rena Heinrich parecia insolúvel?! Não! Chama-se Roberto, disse o polícia, ao mesmo tempo que segurava uma placa que dizia "Morte aos esquilos" na aula de I.C.L. e todos gritaram cheios de medo, subindo para cima das cadeiras. A professora, assustada, gritou desesperadamente:
- A aula acabou! Vamos todos embora.
E todos estenderam os braços, claramente hipnotisados, e dirigiram-se ao Continente mais próximo para comprar chocolates e a baixela da Floribella. Um par de estalos naquelas fuças é que era; ver se deixava as drogas. Falar com àrvores nunca fez bem a sandes de fiambre. Já estava com fomeca! Mas o que me estava mesmo a apetecer era um crepe chinês com uma mensagem no interior. Era um panfleto para aderir à cientologia - disse o senhor que acabou de admitir que no seu grupo de amigos se tratam por chupistas. Não, eu gosto mais do "Puxa o push pop! e guarda o resto!". Já provaste?
- Não! - gritou o escorpião. - Nem penses que vou tomar esse remédio nojento. Antes óleo de fígado de bacalhau! - Mal tinha acabado de o dizer quando de repente surgiu um cão e comeu os gatos fedorentos, salvando assim o mundo dos quatro cavaleiros do apocalipse. Mudando de assunto, já viram o anúncio da Tvcabo? Três pitas penduradas num helicóptero. Mas estava muito vento e o helicóptero caiu dentro de um vulcão ondes os pobres E.T.s estavam a receber a sua lavagem cerebral.
- Bolas! - pensaram eles. - Isto é uma cabala! - E com esta frase surgiu de imediato Santana Lopes de fato lycra azul, cuecas vermelhas por fora das calças e uma capa com um grande "S", sim senhora. Nunca vi coisa assim. Mas, só um pormenor, para que é isso? Estava claro! Era um gato alérgico a alforrecas, que é o que nos vamos transformar se ficarmos mais tempo nesta aula de I.C.L.!!!
FIM
Contributos:
Joana Manata
Joana Silva
Tatiana Salvador
Tuesday, December 12, 2006
Monday, December 11, 2006
Keeping life simple # 3
Use pinhas como suporte para os cartões com os nomes dos convidados da sua festa de Natal. Pode pintá-las ou deixá-las na cor natural; escreve o nome dos convidados num pedaço de cartão e limite-se a encaixá-lo na pinha.
Se as luzes de Natal estão todas embaraçadas, ligue-as à vez na tomada para conseguir distinguir uma fiada da outra.
Uma semana antes do Natal junte a família toda, com tias, primos e amigos e passe o dia a fazer dúzias de bolinhos. Quando estiverem terminado, dividamas variedades e cada um levará para casa uma grande quantidade de bolinhos de Natal.
Faça uma gravação das cantigas que habitualmente são entoadas pela sua família na época do Natal. As crianças vão adorar ouvi-la ano após ano e os familiares ausentes vão apreciar recebê-la de presente.
Aprenda a arte do origami e renove o aspecto da sua árvore de Natal.
As tradições familiares são mágicas para as crianças. Na minha família, a minha mãe e eu costumávamos sempre enfeitar a árvore de Natal. Agora faço-o com os meus dois rapazes, e eles também gostam imenso de o fazer porque já se tornou uma tradição familiar. Outra família que conheço faz colares de pipocas todos os anos no Natal. É peganhento e provoca imensa confusão, mas nem por isso menos divertido. Outra família tem por hábito ir até ao campo lançar papagaios todos os Domingos de Páscoa. Os seus filhos podem ser os primeiros a lembrarem-lhe esses costumes - regra geral, este tipo de tradições dão-lhes segurança e grande satisfação.
Karen Levine
Estava na altura de tirar a biblia da estante. Limpar-lhe o pó e voltar a fazer planos para muito, muito longe daqui. Anos de distância. Sim, sou muito Monica (o que no fundo não é novidade para ninguém!) e gosto de ser assim, por muito irritante que possa por vezes parecer. Planeio muito e no fundo quero apenas tradições. Fazer coisas que (quase) ninguém faz. Quero que as pessoas sorriam e digam que sou estranha e engraçada por ter tradições tão... fofas!, diria a Sara. Quero um legado peculiar para os meus filhos... Imagino-me ainda daqui a muitos anos com as mesmas hastes de rena vermelhas na cabeça!
Friday, December 08, 2006
Note to self
Não há nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada
como dançar salsa (e kizomba) com alguns dos meus meninos...
(Mais uma vez reinaram as camisas pretas! Abençoadas...)
Wednesday, December 06, 2006
Monday, December 04, 2006
Sunday, December 03, 2006
Epifania
Semanas com aquela dúvida. Aquele fantasma podre a arrastar-se comigo, para onde quer que fosse. Nas minhas conversas, nos meus pensamentos, naquele rosto. Dias e dias em que me esmigalhava como uma noz debaixo de um quebra-nozes. Pedacinhos por todo o lado. Um "e se" que ecoava sem fim. Palpitações que não percebia, indefinidas. Tinha medo de perceber. Medo de saber. E se... E num segundo via os sonhos de tantos anos desmoronados perante a incerteza. Perante a possibilidade. Não, não pode ser!... mas e se... Dias nisto sem ver a luz ao fundo do túnel, com medo sequer de seguir em frente e encontrar o caminho certo. Apetecia-me gritar, arrancar os cabelos. No entanto não tinha a certeza do que custaria mais - a incerteza em que já estava mergulhada ou a certeza do que não queria saber. Do que não podia tolerar. Antes de adormecer voltava a analisar tudo, uma e outra vez, scannava tudo que vai cá dentro. O resultado era sempre o mesmo - inconclusivo...
Cai de exaustão. Deixei-me ficar. A dúvida a mordiscar-me e eu sem reagir... Apatia. Cansaço. Negação(?)... Mergulhei no sofá, quase três da manhã a rever episódios da Buffy e de repente um sinal. Uma brisa de ar fresco no meio deste ambiente sufocante. Esteve sempre ali, mas por qualquer motivo apenas me atingiu naquele momento. Finalmente! Imagens e diálogos que confortam. Que acalmam. Não que eliminem magicamente as dúvidas - aquele rosto ainda me perturba - apenas tombaram um dos lados da balança. Mudo de canal - a mesma coisa. Suspiro de alivio. Afinal nada de novo neste coração...
Saturday, December 02, 2006
Regresso a casa
Acordo para uma realidade diferente. Uma casa diferente. Duas semanas depois ele chega ao lar. E eu não sinto nada, pelo menos nada do que devia sentir. O coração é um poço vazio e tudo me parece um filme a preto e branco, sem som. Sem sentido. Sem sentimento. Não, não tive saudades, nem estou feliz pelo seu regresso. Sinto-me mal por isso, mas é mesmo assim! Acabou-se a rainha do comando e as noitadas na sala entre sebentas e episódios da Buffy ou Friends. Fim ao comer no sofá e ao ler na cadeira de baloiço sem interrupções... Não há forma de explicar isto sem ser julgada. Sou uma má filha? Talvez. Provavelmente. Mas no fundo sinto e sei que isto é apenas o peso das nossas divergências e o meu desejo de liberdade. Tento acreditar que é orgânico, inevitável e por isso perfeitamente desculpável da minha parte. Afinal é normal que aos vinte anos já queira ter o meu espaço (por inteiro, todas as assoalhadas), certo? E também que sejamos diferentes, mesmo ao ponto de a convivência ser, por vezes, um grande fardo. Aquelas pequenas coisas que corroem. Sim, ninguém é perfeito - mas também porque é que se parte do pressuposto que vou viver sempre acompanhada?? (Uns tempos sozinha sabiam bem. Desinfectar-me dos hábitos de uns e preparar-me para os de outros.) Além disso já são muitos anos com os mesmos hábitos!
O nosso problema é que essas "pequenas coisas" afastaram-nos. A forma como ocupo o meu tempo livre, os meus gostos, os meus interesses, os meus hábitos são tudo coisas que nos afastam. E não sou só eu - somos os dois; tu porque fazes de tudo isto uma piada ou uma regra que naturalmente me contraria; eu porque me deixas rabugenta e intolerante e apartir daí nada de bom pode surgir. E por vezes é tão pequenino que chega a ser absurdo! Como um dvd ou um copo que deixo na mesa de café à noite. Irrita-te sempre vê-los lá de manhã (sempre foste uma morning person, ao contrário de mim). Mas eu sou assim - faço uma confusão durante o dia e só arrumo no dia seguinte depois do pequeno-almoço. E o que tem de tão grave? Eu arrumo sempre, mas só depois do pequeno-almoço. Mas já não vai a tempo, já houve repreensão. Ou as séries com a audiência a rir - para ti insuportáveis. É impossível ver televisão contigo! Deixei de tentar. E por tudo isto estas duas semanas souberam a pouco. Não apenas porque pude fazer tudo o que queria, mas porque pude ser natural, sem que me contrariasses os tiques ou fizesses observações. Hoje voltei a sentir-me como um animal numa jaula...
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