Há pessoas que nos corroem por dentro. Maçam e moem e estão sempre lá. Mesmo quando não estão. Pessoas nas quais nos vemos reflectidos de uma forma que nos repulsa. Pessoas que não mudam. Que cansam.
Estou farta desta ladaínha. As lamúrias, os pedidos, os dramas constantes, os suspiros arrastados por toda a casa... Há pessoas que de tão semelhantes se tornam incompatíveis. Aqui é assim. Um miasma e um atrito que me dão vontade de correr porta fora. Mesmo quando não se passa nada. Mesmo quando se trata de co-existir no mesmo espaço. Não dá, não funciona. Não há tempo para reparações. As coisas são como são e como estão são quase impossíveis. Não resta tempo para favores. E eu sou má. Eu sou sempre má. Eu sou mal-agradecida. Isto porque no meu horário estrambólico não ficou um buraquinho para os teus problemas. E depois vens a correr, a choramingar, com o mesmo "Joana tens de me ajudar...". E eu tento não recusar, mas a verdade é que não acredito que tenha sobrado uma migalhinha para ti. Porque é que é sempre para mim que corres numa emergência? Não sabes já que estou tão mal de tempo como tu?? E odeio de facto sentir-me ingrata, mas não sei onde roubar o tempo para fazer algo que não tenho gosto nem talento. Tu cansas-me. Fazes-me sentir culpada. Culpada por me sentir cansada. Por me aninhar no sofá a ver um filme ou ficar no computador a jogar um simples jogo de cartas quando deveria estar a ajudar-te. Julgas-me por cada bocadinho meu. Mesmo quando não estás por perto. O chá não sabe a nada e nem consigo concentrar-me no ecrãn. Porque é que és assim? Porque é que sou eu a única bóia de salvação? Porquê a responsabilidade de fazer o teu trabalho? Sentir que cada vez que fecho os olhos poderia estar a trabalhar ou a fazer-te favores?
E no fim... No fim não fica nada. Nem o meu trabalho, nem o teu, e o meu corpo está ainda mais pesado. Estou moída, cansada, ressentida e com os braços cansados e vazios.
Tu e eu somos parecidos demais para nos darmos bem enquanto partilharmos um tecto.
2 comments:
Força ai!
qq coisa ja sabes...I'm here.
«So no one told you life was gonna be this way
(...)
I'll be there for you»
clap clap clap
*sara faz expressão envergonhada*
é difícil. aguentar as pontas. manter o equilíbrio onde só se vê desarranjo. e talvez isso das semelhanças darem mais dores de cabeça do que paz seja bastante verdade. mas que fazer? por enquanto as coisas governam-se assim. daqui a nada serás rainha de tudo o que tu quiseres. por enquanto mantém perto de ti aquilo que podes chamar como teu. e o resto é paciência...heavens full of it.
beijo grande * :)
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