Ela realmente não merecia. Custa-me ter feito dela uma vítima colateral. Por vezes a ímpetuosidade da minha idade cega-me e vai tudo à frente. Consolo-me pensando nas horas e horas em que resisti a esta fúria deixando espaço apenas para as lágrimas. Mas no fim o resultado foi o mesmo. No fim acabei por ceder e ela não merecia. Que os outros sofressem, que tenho eu com isso? Seria justo. Mas ela não. Porque durante o dia de hoje, durante aquela manhã fatídica ela foi sempre correcta. Via o meu ódio reflectido nos olhos dela e senti-lhe a compreensão nos pequenos gestos, senti as pequenas redes que colocava no caminho para me amparar. E mesmo assim a minha raiva foi maior. E claro, estando ela presente acabou por cair na mesma rede que os restantes. Desculpe. Espero que um dia tudo isto seja apenas uma vírgula lá longe. Espero poder reconstruir o que havia antes. Assim, tal como era há vinte e quatro horas atrás.
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