Estou a tornar-me invisível. É o problema da reclusão; deixamos de sair e as pessoas vão-se esquecendo de nós. Isto seria muito fácil de aceitar se se pudesse simplesmente voltar a trás como se nada se tivesse passado. Mas não é assim tão linear. Mudar de direcção significa nadar contra a corrente. Resgatar território perdido. Significa um rol de (re)transformações demoradas. Parece que acordei de um sono profundo para encontrar castelos em ruínas. Os meus castelos. Já não reconheço os meus próprios músculos. Há hábitos que morreram quando não era suposto. Outros que deviam morrer. A minha voz está empoeirada. As pernas já não sabem (e muito menos aguentam) dançar. Tenho de me reaprender. De me recuperar. De me resgatar.
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