Mas o problema é que você, meu caro, nunca há-de saber, nem eu lhe poderei nunca comunicar, como se traduz em mim aquilo que você me diz. Não, você não falou turco. Usámos, eu e você, a mesma língua, as mesmas palavras. Mas que culpa temos, eu e você, de as palavras, em si, serem vazias? Vazias, meu caro. E você enche-as do seu sentido, ao dizer-mas; e eu, ao acolhê-las, encho-as inevitavelmente do meu sentido. Julgámos que nos tínhamos entendido; não nos entendemos de todo.
Um, ninguém e cem mil, Luigi Pirandello
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