Cresci numa casa onde o verbo parvar não existia. Coisas como cantarolar, dançar, imitar animais, fazer vozes ou teatrismos eram coisas parvas. Eu era parva. Ainda hoje oiço esse adjectivo. Não é bonito. Mas enquanto eu hoje sacudo os ombros, quando era miúda era algo que me deixava profundamente magoada e paralisada. Eu era parva. E se a minha própria família me chamava de parva, o que achariam então os outros?
Hoje tenho vozes e correntes na cabeça. Fui eu que as fui colocando lá. E cada vez que me pedem para ser espontânea eu nem sei bem como reagir. Tenho de pensar. O improviso é algo inexistente na minha vida. Eu penso, planeio, treino sozinha. E depois faço. Depois digo. Nunca me atiro de cabeça. Porque continuo a ter medo de ser parva.
1 comment:
Isso pode explicar muita coisa.
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