Quase toda minha vida foi com um relógio no pulso. Comecei aos cinco com um do Mickey. Seguiram-se um da Pocahontas e um do azul Snoopy até que me apaixonei pela Swatch. Desde então nunca deixei o pulso direito a nú. Adorava a marca, branca como leite, pela qual media o meu bronzeado no Verão.
Até que vieram os espectáculos e a comecei a detestar. Em todas as filmagens, por mais ranhosas que fossem, podia jurar que conseguia ver um relógio fantasma no meu pulso. Então, em Setembro 2008, resolvi andar sem ele pela primeira vez. E fui-me habituando a medir o tempo sozinha, guiada apenas pelo sol e pelo meu relógio interno. Desde essas férias que nunca mais usei um (sem ser para as frequências).
E o mais espantoso é que sem o meu pequeno e fiel acessório a minha noção do tempo foi mudando. Fui-me tornando mais pacata, menos ansiosa com as coisas a fazer. Agora sinto que tenho tempo para tudo e vou levando as coisas com mais calma. É difícil de explicar como tudo isto se passou e como tudo isto se manifesta, mas a verdade é que sou uma pessoa melhor e aproveito mais a vida sem um relógio no pulso que, percebo-o agora, me fazia correr atrás de todas as horas e minutos e me limitava o viver.
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