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Tuesday, January 30, 2007

Palavras que não te pertencem

Isso é quase um estigma pessoano!

O tempo parou ali. A conversa parou ali - não ouvi mais nada. A mera menção a Pessoa em ti causou-me nojo! Mas quem és tu para falar de Pessoa? Tu que és linear, matemático, obtusamente objectivo. Os teus ses são singelos, fracos, uma possibilidade mas nunca um sonho, nunca um mundo inteiro por mergulhar. Falas daquilo cuja profundidade desconheces. Não lês Pessoa, nem gostas de poesia sequer. Pior, não acreditas em literatura. Pegas num livro, dás-lhe umas festas na cabeça e pronto. Tantos que ficam abandonados a amarelar ao sol ou numa estante aborrecida e poeirenta. Alguns que eu sorrateiramente adoptei para mim. Há quantos anos não lês um livro de verdade? Não te deixas perder nele? Alguma vez correste um mundo numa noite? Não... Não fales do que não amas só para mostrar que sabes. Há palavras que simplesmente não te pertencem.

Um aninho!

Como o tempo passa... Um ano desde o primeiro post. Tanta treta, lamechice e conversa que por aqui passou. Estados de espírito variados, opiniões mais ou menos interessantes, citações brilhantes. Instalou-se por completo o vício das teclas, de produzir palavras, frases, ideias... Textos que ainda namoro, outros que gostaria de apagar, mas que por política minha mantenho. Julgo por vezes que penso e me expresso mais claramente com o avançar dos meses, deste ano, dos posts que se alegremente se multiplicam. E mimo as palavras, minhas e dos outros e anseio ainda por mais, cada vez mais por me escrever e vos ler...

Saturday, January 27, 2007

Trepando poço acima

Quatro dias sem chorar. Respiro bem fundo. Vamos seguir em frente. Enterrar este coração dorido e continuar viagem. Não interessa o que ficou por resolver, o que ficou por dizer, o que ainda não sarou. Ponho um penso-rápido na questão e que se lixe! Não vou mais esperar por ti. Fecho este pequeno ventrículo à chave e sigo com o resto do meu coração. Desta vez não vou tentar remediar nada. Já gastei tempo e energias a mais com isto. Vem tu se quiseres. A minha vida espera lá fora e já vou atrasada.

Sunday, January 21, 2007

Natural me

Não me lembrava de ser assim. Tão negativa e chorona. De me sentar à secretária horas a fio e não sair nada senão umas lágrimas aqui e ali. Não me lembrava que o poço é assim tão fundo. Há muito tempo que não tinha uma queda destas. Limpo o rosto, respiro fundo e começo a trepar. Caio outra vez. Mais outra tentativa, mais outra queda. O tempo passa, nada acontece. Isto sou eu sem artifícios - nada! Uma coisinha mole e piegas. Isto não é um bom regresso. Aliás, nem era suposto haver um regresso. Quando digo que preciso de dançar para viver as pessoas riem. Que necessito de parvoeiras com os amigos. Não há tempo. Estamos todos ocupados. Pois aqui estou eu! Sem artifícios. Só um enorme calcanhar de Aquiles.
Não quero choramingar. Quero trepar para fora desta angústia. Voltar a ser o que era antes. Antes de ser apenas um saco de areia. Quero voltar a dançar, calcular as minhas tarefas e fazê-las quando me sentar à secretária com as sebentas e os livros. Quero voltar a acreditar que sou capaz. Não quero que me vejam assim. Fraca e tão longe do que aprenderam a admirar. Esta solidão devora-me a alma e a vontade. Quero luz, pessoas, quero a minha sagacidade. Alguém me ajuda a encontrar o caminho de volta?

Tuesday, January 16, 2007

Good coffee!

*sinto que estou a roubar o protagonismo de alguém...

Back to me-ville!

Sabe tão bem! Voltar a mim, a minha vida, os meus problemas, a minha ginástica. Uma caneca de chá e um espreguiçar-me na cadeira. A minha vida é doce! Não é para meninas, mas depois de se lhe apanhar o jeito sabe bem. O corropio, as listas, os horários, sonhos anotados, suspiros roubados aqui e ali, até o cabecear de cansaço em frente ao monitor às três da manhã. E não importa que o amanhã traga pouco porque o agora já é tão cheio, tão sumarento... Aprendi a amar o meu cabelo apanhado para as leituras, as canetas em desalinho pela secretária, as sebentas que todos os dias tocam à porta da minha consciência... A promessa das sestas de Verão, dos livros que crescem à minha beira...
Já tinha saudades de mim...

Monday, January 15, 2007

Despojos de mim

Sinto-me usada. Descatável. Um pedaço de bubblewrap sem mais bolinhas para rebentar. Um cadáver sem sangue. Sem nada. Sozinha no escuro. Dei o que tinha para dar e agora sou deitada fora na lama. Pudesse eu jurar que foi a última vez, que nunca mais acreditarei em ti. Não quero saber se achas que o que te digo está distorcido, continua a ser o que sinto. Nos últimos dias tenho sido a corda do cabo de guerra. Cada um puxa por seu lado e pouco importa que me desfaça.
Joana tens de me ajudar.
Tem de reescrever a entrevista e entregar na próxima aula.
Devias ter dito logo que não.
Vem sair sábado à noite.
Vais fazer um teste extra, vê se te aplicas.
Despacha-te a ler o livro para começares a fazer o trabalho.
Achas bem estares a ver um filme? Devias estar a traduzir.
Têm de entregar uma folha com os tópicos do trabalho na próxima aula.
Não desistas de Linguística Inglesa... se estudares...
Porque é que te baldaste à aula de dança?
E onde estou eu no meio disto tudo? Será que tenho direito de existir?? Não basta já este coração assaltado? Não basta as tardes e noites a fio que dediquei a um trabalho que no fundo é teu e não meu? Não te chega as coisas de que desisti por isto? A confusão em que tenho a minha vida à conta do teu problema? És cego?? Falas de ajudar os outros, de ajudar a família, mas quando te estendo o braço com esforço tu exploras-me até ao tutano. E não ficou nada de mim. Porque eu era má. Eu era mal-agradecida... Eu...

Friday, January 12, 2007

Get away from my heart

I'm afraid of what you're doing to me. Of what you're making me feel. Stop it! Please undo it and go away. This melting heart of mine - take it with you and give me my old one back. These dreams that cross my mind, pictures of us through the years - rip them, burn them, bury the ashes. Nothing will grow of this. Not us! I won't have my heart skipping any more beats on account of you! This must end now. Stop invading my sighs. Enough of this need to embrace you! Of all the people in the world why did it have to be you? No, I will not settle with it. Somehow I'll scratch you out of my heart, of my head, of me... Somehow I'll make it stop...

Wednesday, January 10, 2007

I don't wanna be going through the motions*

Outra vez ali. Aquele olhar, aquele sorriso... Um "e se..." mal enterrado que vem ao de cima. De novo este borbulhar cá dentro. Porque é que me perturbas tanto? Tu de todas as pessoas... Um "e se..." que me enche a cabeça, que me impede de pensar. Sinceramente pensei que este assunto ja estivesse esclarecido. Porquê?... Não gosto deste mansinho, não é o tempo nem o lugar e muito honestamente, não és tu quem eu quero. Então porquê este "e se..."? Não quero avançar neste assunto, até porque no fim já sei que vou chegar a um beco sem saída. "E se..., e se..., e se...". Porque é que é tão difícil sacudir os arrepios? Arrancar-te do pensamento? E como raio é que te foste lá meter??... Por vezes queria fechar os olhos e fazer-te desaparecer, só para acabar com esta voz a minha cabeça. Mas não. Quando acordo ainda cá estás e não sei se te consigo fazer sair. Só queria calar este impasse...
*Going through the motions, Buffy Soundtrack

Saturday, January 06, 2007

Incompatibilidades

Há pessoas que nos corroem por dentro. Maçam e moem e estão sempre lá. Mesmo quando não estão. Pessoas nas quais nos vemos reflectidos de uma forma que nos repulsa. Pessoas que não mudam. Que cansam.
Estou farta desta ladaínha. As lamúrias, os pedidos, os dramas constantes, os suspiros arrastados por toda a casa... Há pessoas que de tão semelhantes se tornam incompatíveis. Aqui é assim. Um miasma e um atrito que me dão vontade de correr porta fora. Mesmo quando não se passa nada. Mesmo quando se trata de co-existir no mesmo espaço. Não dá, não funciona. Não há tempo para reparações. As coisas são como são e como estão são quase impossíveis. Não resta tempo para favores. E eu sou . Eu sou sempre . Eu sou mal-agradecida. Isto porque no meu horário estrambólico não ficou um buraquinho para os teus problemas. E depois vens a correr, a choramingar, com o mesmo "Joana tens de me ajudar...". E eu tento não recusar, mas a verdade é que não acredito que tenha sobrado uma migalhinha para ti. Porque é que é sempre para mim que corres numa emergência? Não sabes já que estou tão mal de tempo como tu?? E odeio de facto sentir-me ingrata, mas não sei onde roubar o tempo para fazer algo que não tenho gosto nem talento. Tu cansas-me. Fazes-me sentir culpada. Culpada por me sentir cansada. Por me aninhar no sofá a ver um filme ou ficar no computador a jogar um simples jogo de cartas quando deveria estar a ajudar-te. Julgas-me por cada bocadinho meu. Mesmo quando não estás por perto. O chá não sabe a nada e nem consigo concentrar-me no ecrãn. Porque é que és assim? Porque é que sou eu a única bóia de salvação? Porquê a responsabilidade de fazer o teu trabalho? Sentir que cada vez que fecho os olhos poderia estar a trabalhar ou a fazer-te favores?
E no fim... No fim não fica nada. Nem o meu trabalho, nem o teu, e o meu corpo está ainda mais pesado. Estou moída, cansada, ressentida e com os braços cansados e vazios.
Tu e eu somos parecidos demais para nos darmos bem enquanto partilharmos um tecto.

Tuesday, January 02, 2007

Shakespeare



Rowan Atkinson e Hugh Laurie... aplausos!

Monday, January 01, 2007

Happy New Year!

Amanheceres

Chego a casa completamente rota. Já passam das seis da manhã e ainda não é hora de cair na cama. Tomo banho, ligo o computador, escrevinho um pouco enquanto bebo um copo de leite e espero até o cabelo secar. O corpo vai ficando mole e sonolento, as memórias da noite que passou esmorecem, felizes e desfocadas. Lá fora, aos pouquinhos, um novo ano amanhece...
I remember one morning getting up at dawn, there was such a sense of possibility. You know, that feeling? And I remember thinking to myself: So, this is the beginning of happiness. This is where it starts. And of course there will always be more. It never occurred to me it wasn't the beginning. It was happiness. It was the moment. Right then.*
Clarissa Vaughn, The Hours