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Tuesday, October 31, 2006

Mortalidade

A cabeça pesa-me nos ombros. Esta dor cá dentro na sua "ladaínha", fazendo eco no dorido. Como pequenas pulsações de dor. Fecho os olhos e suspiro. A pilha de trabalho não pára de crescer. E eu quero ir, quero sentar-me com uma caneca, tragar essas sebentas e esses livros todos, limpá-los da minha consciência. Os olhos doem ao focar as letras. Esquece! Tenta descançar... Dez minutos, quinze, trinta... nada! Olho para a pilha e não consigo desligar-me do que me espera. Do que tem de ser feito. Deitada na cama a ver o tempo passar deixa-me inquieta. Este impasse enerva - não conseguir descançar, não poder trabalhar... Telemóvel toca - planos, convites, indecisões. Quero ir, quero estar com todos, sorver-vos em cada dia, todos os dias. Aceita uns, rejeita outros, tenta ser justa na distribuição do tempo... Esquemas, planos, listas. A minha vida é um mapa cheio de asteriscos, anexos e notas de rodapé! Sebentas! - quero ler sebentas! Ver-me livre delas, ter a mente tranquila. Ando na rua e as palavras passam por mim. Surgem na minha cabeça e fogem como cabelos que se desprendem. Frases que vêm e vão. Frases que se perdem, que nunca chegam aqui. Frases desgarradas, deambulando por aí. Chego a casa cheia de ar frio no rosto e vazia de palavras. Restam suspiros e bocejos. Esta mortalidade cansa! Esta condição, este corpo que não me acompanha. Correr o mundo de olhos fechados e parar na fronteira dos meus limites. Os livros em que não mergulho, os convites que deixo para trás, os olhos cansados, as pernas bambas, a voz que não sai, a dor de cabeça que mói, o pequeno vírus que se instala no fungar do meu nariz. Chega! Por hoje vou erguer bem alto a bandeira branca e dormir... Esquecer o que há-de vir. Amanhã será um novo dia. Aninho-me no meu casulo e espero pelas asas que surgirão novamente no próximo despertar.

Thursday, October 26, 2006

Daydreaming

É tão bom que até faz doer o coração! Conversa puxa conversa e chegámos ao delírio do Euromilhões. The true Portuguese dream!... Bom se eu ganhasse o Euromilhões:

- colocava o dinheiro no banco e vivia dos juros para o resto da vida depois:

* pagava a casa ao meu pai
* comprava o meu próprio apartamento
* comprava carro
* dava um pouco anualmente para pesquisa médica (gripe das aves e tal)
* comprava um segundo apartamento ao lado do primeiro, deitava uma parede abaixo para os juntar e fazia de um deles a minha biblioteca (tipo Bela e o Monstro)
* comprava todos os livros que me conseguisse lembrar
* comprava todos os filmes que pudesse
* comprava todas as séries de televisão que me ocorresse (Friends, Frasier, Lost, Gilmore girls, Will and Grace, Allo allo, Alf, Cheers, Bewitched, Joey, King of Queens, North and South, Family guy, Simpsons, Just shoot me, Caroline in the city, Dharma and Greg...)
* armazenava os dvds no segundo apartamento
* teria todas as aulas de dança que me apetecesse
* trabalharia numa livraria, visto que o ordenado não era problema
* compraria livros em Londres, New York em vez de os mandar pela net
* passaria um mês na Disneyland e todos os dias tomaria pequeno-almoço com o Pluto e a Minnie
* iria ver todas as Óperas que quisesse no São Carlos
* poderia ir ver o Quebra-Nozes todos os Natais
* assistiria aos Óscares com as estrelas
* iria ver o Cats na Broadway
* viajava duas vezes por ano no mínimo
*subornava o Kenneth Branagh a fazer outra adaptação de Shakespeare, a exercitar-se e a fazer pelos menos uma cena em tronco nú como no Frankenstein
* subornava o Alan Rickman a fazer de Mr. Rochester (Jane Eyre)
(claro que nos últimos dois casos também assistiria aos ensaios)
* comprava uma casa em Armação de Pêra
* ia nadar com os golfinhos do Zoomarine uma vez por ano
* assitiria a concertos privados de Michael Bublé, Russell Watson, Pearl Jam
* comprava todos os exemplares da Margarida Rebelo Pinto e fazia uma bela fogueira
* não acabava de ler a sebenta de Introdução às Ciências da Linguagem...

Aaaah... Grande suspiro... A vida seria bela

Monday, October 23, 2006

Uma questão cultural?

Enquanto a Oprah dá carros e blackberries, o Manuel Luís Goucha oferece dois quilos de arroz a cada membro da plateia. E viva o luxo! Oh coisinha pobre! Tristeza... Portugal está claramente na fossa quando um bando de badamecos saltam aos pulos num estúdio multi-colorido às onze da manhã por dois quilos de arroz...

Olhem só o que eu sei fazer



Ah, que saudades dos workshops do Congresso Mundial de Salsa... Aqui está o workshop dos Salsa y Punto. Parece que foi ontem que eu e o Sérgio andavamos a fazer este passo (tirando a parte final com a cabeça a escorregar até lá abaixo, para isso é preciso muito abdominal - e também que o Sérgio parasse de dizer "Toma lá pinhões!" em cada queda). Isso é que foi um fim-de-semana! Ali a fazer exercicio físico até cair... os belos cinco quilos que eu perdi nessas cinquenta e tal horas... Agora só para o ano!

Thursday, October 19, 2006

Dia roubado, sorriso infinito

Roubei um dia ao tempo. Não devia. Não podia. Mas... aconteceu! Foi acontecendo. E mesmo sentindo na pele o esforço redobrado que terei amanhã não posso senão sorrir ao que tenho hoje. Como sabem bem estas prendas do destino! Estes dias que à partida não apostava nada neles mas depois florescem entre os meus dedos. E um sorriso brilhante que desponta pela manhã e permanece fiel no meu rosto, até às altas horas da noite. Descrições incapazes de comportar-me nelas, narrações que não servem. Este meu coraçãozinho pequenino para tanta alegria. Por nada e por tudo! Lágrimas que espreitam a cidade desfocada do canto dos meus olhos, sussurando de mãos dadas. Fecho os olhos e suspiro lentamente. Vejo o dia que desfila em memórias frescas.

Adivinhas em alemão, conversas em inglês, aquele cabo das tormentas mental finalmente dobrado (teacher's pet again!). Almoços, conversas, cantorias, cinema. Sentir-me de volta ao ninho numa sala de cinema, naquela sala, naquelas cadeiras... Sozinha numa sala de dança, no escuro a declamar Shakespeare... Abro as asas e a voz, baixinho, e sou feliz, toco o céu dali, naquele pedacinho de nada. Com o peito cheio demais para respirar. Aula de salsa que me enche a alma e o corpo. E esqueço-me de mim. Porque a certa altura eu deixei-me para trás. Deixei o falso de mim para trás. Deixei o meu próprio corpo para trás. Vejo alguém diferente nos olhos dos meus pares. Risos, brincadeiras, elogios... E acredito, e sinto no corpo (meu e deles) que posso ser a melhor. Porque encaixa. Porque encaixo. Aqui e na aula de kizomba. Encaixa... Jantar com amigos, conversa vai, conversa vem... um bife grelhado com limão de fazer chorar, de enfiar o dedo na bochecha como os italianos! Fugir da chuva para mais dança... Rumba, slow rithm... a poliglota das danças, é o que já me chamam, a todo-o-terreno... e eu sorriu e converso e sinto-me em casa e sou feliz...

E agora, com Norah Jones que me aconchega os pensamentos e os pés cansados, uma caneca de chá de menta a fumegar, a cama aberta que já promete sonhos e mil e um mundos para conquistar... agora solto uma das lágrimazinhas e sei que por muito que ainda me possa faltar não poderia ser mais feliz...

Wednesday, October 18, 2006

Mensagem

Sentada na cadeira de baloiço a ler "trabalho"... (Não posso dizer de consciência tranquila que a Utopia, porque embora seja realmente um dos items de uma das bibliografias obrigatórias sabe mal afirmar convictamente que um livro que me delicia é "trabalho") ... Olhos cansados, fecha o livro, respira fundo... Um, dois, três... pronta para reiniciar a marcha! Abro o livro, o marcador escorrega, estico-me para o apanhar. E quando lhe pego noto em algo que há tantos dias me passava ao lado. Algo escrito no lado de trás:

"Ler, ler, ler
viver a vida
que os outros sonharam."
Unamuno

E fez todo o sentido...

Monday, October 16, 2006

The Lion in Winter



Grande, grande filme (the wittiest(?) thing I ever saw!)... Avé Glenn Close! Avé Patrick Stewart! *vénia e baba!*

Suspiro... sou uma incompreendida em casa! Aqui todos odeiam The Lion in Winter (cambada de broncos ignorantes e sem gosto!... ainda por cima não gostam do Kenneth (not to the point, but anyway...))... e depois admiram-se de eu não gostar de ver filmes em família!

Dias chuvosos, trabalho empilhado

[fim de tarde]

Mais um texto acabado. Linguagem, dialecto, fonemas... palavras que fecho com a sebenta. Fecho os olhos e respiro fundo. Espreguiço-me demoradamente. Sabe a justo! a merecido depois de mais um texto despaxado. Mudo de música no mp3. Da banda sonora do Sense and sensibility para Tori Amos (parece que ficou!). Levanto-me para esticar as pernas. Faço um cappuccino descafeinado que "não é café!". Pode ser chato, mas o trabalho (por enquanto) sabe-me bem. Passo por um espelho e mimo a curva que se desenha nas minhas costas. Sento-me novamente para mais uma leva. Apanho o cabelo como quem arregaça as mangas. Lá fora e na televisão há pares de namorados que passeiam, mas aqui está tudo calmo. Namoro-os como (a)os livros na Fnac. Apoio a cabeça no ombro direito - *beijinho!*. Por agora basto-me. Eu e as nossas memórias à mesa. A caneca que me deram e uma pilha de trabalho tão grande que me sussura que sou capaz, que me faz sentir útil e produtiva, que me pisca o olho e me diz que saberei viver a minha vida como um barco que encontra o porto, mesmo depois de muito viajar...

Fumo pelas ventas

Viver em convivência significa suportar os hábitos dos outros. Esses inquilinos indesejados que não conseguimos expulsar. Respiro fundo... interiorizo que comigo não é diferente - não sou pêra doce cá em casa!... Não serve de nada. Continuo de cabeça quente. Fumar faz-me saltar a tampa! Enerva-me, irrita-me, repugna-me! Não costumo ser tão extremista no social, na rua, nas saídas à noite tudo bem. Passa-me ao lado. Mas em casa é tolerância zero! Porque embora seja um espaço espaço comum, é também o meu espaço. Onde penso, onde leio, onde sonho. Sinto os meus suspiros envenenados neste miasma. Vejo aquelas nuvens cinzentas que pairam e me abraçam como uma gosma aérea. Aquele àr pútrido onde relaxar é impensável. As paredes amarelam, o àr revolta-me às entranhas. E não preciso de um cinzeiro populado de beatas, basta uma a vários metros de distância para o meu olfacto se recusar a partilhar aquele espaço. Reajo automaticamente ao clique do isqueiro; levanto-me e parto para fora dali. Não suporto o que se segue - o cheiro, a tosse, as cordas vocais a apertarem, o odor fedorento entranhado na roupa, no cabelo, na pele... não, não consigo! Não em casa... porque não acho que tenha de suportar... afinal, estou em casa.

Tuesday, October 10, 2006

Jane Eyre # 1

No sooner did I see that his attention was riveted on them, and that I might gaze without being observed, that my eyes were drawn involuntarily to his face; I could not keep their lids under control: they would rise, and the irids would fix on him. I looked, and had an acute pleasure in looking, - a precious yet poignant pleasure; pure gold, with a steely point of agony: a pleasure like what the thirst-perishing man might feel who knows the well to which he has crept in poisoned, yet stoops and drinks divine draughts nevertheless.

[...]

He made me love him without looking at me.

Sunday, October 08, 2006

E agora o nosso momento culinário # 2



Mais uma especialidade da casa... so é pena não ser em calda!

Saturday, October 07, 2006

Esvazia-me nos teus braços...

Vou fechar os olhos. Seguir o embalo. Apaixonar-me e acordar no fim da música. De vez em quando sabe bem. Joana, é um caminho perigoso, vais-te magoar... never fear! sou crescidinha! Sei brincar no safe side dos meus limites. E é algo que preciso de fazer. Preciso de me entregar, de não pensar no que devo ou não fazer, de silenciosamente esvaziar o tanque. Todos os romances, filmes, discursos (do Kenneth), pares de namorados na rua, músicas românticas e duetos - é assim que os enterro. Para fora de mim com uma dança. Liberto-os de mim como ar gasto num enorme suspiro. Para depois não haver nada senão eu. Para vos poder ver juntos aos pares (vocês e vocês e vocês e vocês), estar convosco limpa, sem fantasmas ou espectros verdes como a inveja. Não quero que haja pesos ou nós na garganta. Por isso deixa-me apaixonar-me de vez em quando, hoje. As minhas mãos entre o teu pescoço, as tuas nas minhas costas. A tua face na minha, cheek to cheek como cantava Ella Fitzgerald. Shhhhh! Não digas nada! Não quero que tenhas identidade; não te quero levar comigo. Deixa-me ficar assim, só mais uns compassos... assim, até o mundo real me reclamar para si outra vez...

Segredos na sombra

Há segredos que custam a manter. Partes de nós que mantemos na sombra. Não, não quero falar. Desta vez ninguém vai saber por mim. Vão aprendê-lo ao vivo. Sozinhos. Não vou contar, ao contrário do que sempre fiz, vou ficar calada. Custa, porque não está na minha natureza este tipo de reserva. Há coisas em mim que ainda não sabem... e tenho pressa porque não sei quando tempo mais vou conseguir manter-me assim, fiel a esta promessa que me fiz. Shhhhh! Há algo que espera por rebentar, parte da minha vida (e que parte tão grande) que se quer desvendar. Mas não! Engulo a minha vaidade e as minhas histórias e mudo de assunto. Porque desta vez não quero espectativas. Não quero olhos cravados em mim à espera de algo que nunca tenho a certeza de poder dar. Aquele coração palpitante que me salta do peito, aquele nervosismo que me impede de falar claramente e me deixa ainda mais nervosa. Por isso desta vez não vou contar. Eu sou a faculdade e a salsa e nada mais... o resto está morto como Julieta, à espera que venha Romeu. O resto... o resto que voltou, o resto que cresce, que me alegra, que me traz vida... Shhhhh!


[Atenção aos comentários; não quero que se descuidem, seus línguas de trapo!]

Thursday, October 05, 2006

Operaman canta Evenflow


Mais uma grande personagem do Adam Sandler - Operaman! Isto, claro está dentro do formato único e insubstituível o Saturday Night Live... Se dedico o post? Pois... à bee!

Wednesday, October 04, 2006

Doce adrenalina

Chego a casa cheia e cansada. Feliz. Já tinha saudades. Já me faltava esta ansiedade, esta correria, este modo de vida que me faz sentir tão... business-like. Actividades encavalitadas umas em cima das outras, horários apertados, a agenda sempre à mão, escrevinhada em todos os próximos dias, listas de a fazer que se criam, montam e desmontam na minha mente. Chá e apontamentos para passar (ainda não, mas já se adivinham), livros que espreitam na estante para serem lidos, estudados, analisados... outros fazem apostas sobre qual será o próximo que pegarei por lazer... Sabe bem perguntarem se posso, se ainda estou disponível. E pegar na agenda para verificar, e toda a matemática para (re)encaixar o mais possível.

E amigos... Sabe tão bem voltar ao Quente e Frio, conversar nas pausas (agora mais longas), partilhar histórias e gargalhadas ("Rambutan em calda!" e risos até chorar). Porque a internet não sacia; faltam-me os vossos gestos, entoações, caretas... faltam-me todos em conjunto, as fotos, as parvoeiras, os abraços, os miminhos... até as secas de algumas disciplinas, o quase adormecer e desesperar ao olhar para o relógio. Tudo me fazia falta... Agora tenho tudo de mim em funcionamento, voltei a ser um arco-íris completo. Não sei exactamente de onde surgiu, ou se vai dar a um pote de ouro, mas neste momento basta-me sentir assim... viva e cheia, como o doce amargo de uma chávena de café ao começar o dia.

Tuesday, October 03, 2006

A sorta fairytale

on my way up north up on the ventura I pulled back the hood and I was talking to you and I knew then it would be a life long thing but I didn't know that we, we could break a silver lining and I'm so sad like a good book I can't put this day back a sorta fairytale with you a sorta fairytale with you things you said that day up on the 101 the girl had come undone I tried to downplay it with a bet about us you said that- you'd take it as long as I could I could not erase it and I'm so sad like a good book I can't put this day back a sorta fairytale with you a sorta fairytale with you and I ride along side and I rode along side you then and I rode along side till you lost me there in the open road and I rode along side till the honey spread itself so thin for me to break your bread for me to take your word I had to steal it. way up north I took my day all in all was a pretty nice day and I put the hood right back where you could taste heaven perfectly feel out the summer breeze didn't know when we'd be back I don't didn't think we'd end up like and I'm so sad like a good book I can't put this day back a sorta fairytale with you a sorta fairytale with you I could pick back up whenever I feel a sorta fairytale with you a sorta fairytale with you a sorta fairytale with you I could pick back up whenever I feel

[video lá em baixo]

Sunday, October 01, 2006

As mesmas páginas

Jane Eyre arrasta-se. Não é culpa do livro, não, longe disso! Cansa-me e inquieta-me simplesmente porque me assombram todos os outros livros que tenho em lista de espera. Porque a cada parágrafo olho de relance as prateleiras deles, tenho vislumbres de outras capas, outras páginas nas entrelinhas de Jane Eyre. A cada frase imagino novas frases, frases por descobrir, autores e narradores por conhecer. Porque a ampulheta vai-se esvaziando e eu fico ansiosa e inquieta ao ver o tempo a passar, portas que se fecham para o Inverno literário. A minha vida que retoma, as minhas leituras interrompidas. Até às próximas férias... Arrasto Jane Eyre porque não me consigo concentrar na sua voz (porque os outros também gritam por colo) e me obrigo a reler onde (me) desliguei.

Conversas na noite # 3

Pah, o problema é que ele não deixa que eu me enrosque e assim é difícil! Seu não me enrosco neles eu depois não percebo o que é que eles querem que eu faça!...

(Vai uma kizombinha?...)