A cabeça pesa-me nos ombros. Esta dor cá dentro na sua "ladaínha", fazendo eco no dorido. Como pequenas pulsações de dor. Fecho os olhos e suspiro. A pilha de trabalho não pára de crescer. E eu quero ir, quero sentar-me com uma caneca, tragar essas sebentas e esses livros todos, limpá-los da minha consciência. Os olhos doem ao focar as letras. Esquece! Tenta descançar... Dez minutos, quinze, trinta... nada! Olho para a pilha e não consigo desligar-me do que me espera. Do que tem de ser feito. Deitada na cama a ver o tempo passar deixa-me inquieta. Este impasse enerva - não conseguir descançar, não poder trabalhar... Telemóvel toca - planos, convites, indecisões. Quero ir, quero estar com todos, sorver-vos em cada dia, todos os dias. Aceita uns, rejeita outros, tenta ser justa na distribuição do tempo... Esquemas, planos, listas. A minha vida é um mapa cheio de asteriscos, anexos e notas de rodapé! Sebentas! - quero ler sebentas! Ver-me livre delas, ter a mente tranquila. Ando na rua e as palavras passam por mim. Surgem na minha cabeça e fogem como cabelos que se desprendem. Frases que vêm e vão. Frases que se perdem, que nunca chegam aqui. Frases desgarradas, deambulando por aí. Chego a casa cheia de ar frio no rosto e vazia de palavras. Restam suspiros e bocejos. Esta mortalidade cansa! Esta condição, este corpo que não me acompanha. Correr o mundo de olhos fechados e parar na fronteira dos meus limites. Os livros em que não mergulho, os convites que deixo para trás, os olhos cansados, as pernas bambas, a voz que não sai, a dor de cabeça que mói, o pequeno vírus que se instala no fungar do meu nariz. Chega! Por hoje vou erguer bem alto a bandeira branca e dormir... Esquecer o que há-de vir. Amanhã será um novo dia. Aninho-me no meu casulo e espero pelas asas que surgirão novamente no próximo despertar.
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