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Monday, March 15, 2010

The first cut is the deepest

Há milhares de livros e filmes a dizer a mesma coisa. Frases que já são (quase) feitas. Mas é a primeira vez que as ouvimos que fica gravada na pele, numa camada mais profunda que todas as outras. Depois, ao fim de um certo número de vezes, tornamo-nos imunes. Entram a cem e saem a duzentos. Já nem reparamos.

O Moulin Rouge trouxe-me muitas frases inéditas. Coisas que me tocaram para além do profundo. Conceitos que hoje já estou cansada de ouvir, mas que para mim era como avistar a costa depois de meses no mar. Na altura em que o filme saiu eu era apenas uma adolescentezinha parva, como todas as outras. Sedenta de vida, de sonhos, de música, de dança, de romance. Suplicando a Deus que me fizesse esbarrar com o meu próprio Christian, alguém com quem entrelaçar a minha voz. (Só o relembrar já me deixa enjoada...).

Hoje pode vir o que vier que a carapaça - apesar de ter falhas - ainda apara muita coisa. A ginástica para me levantar do chão é outra que o esforçozinho raquítico desses anos. Sacudir um romancezeco da treta não é o mesmo que ver o Moulin Rouge e seguir como se nada se passasse. Esse está gravado para além do que uma esfoliação à pele consegue arrancar. Quando dói, dói. Daí a estranha aversão que lhe tenho. Porque não encontro outra forma de me proteger senão renegá-lo.

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