Quem vem e atravessa o rio
Junto à serra do Pilar
Vê um velho casario
Que se estende ate ao mar
Quem te vê ao vir da ponte
És cascata, são-joanina
Dirigida sobre um monte
No meio da neblina.
Por ruelas e calçadas
Da Ribeira até à Foz
Por pedras sujas e gastas
E lampiões tristes e sós.
E esse teu ar grave e sério
Dum rosto e cantaria
Que nos oculta o mistério
Dessa luz bela e sombria
Ver-te assim abandonada
Nesse timbre pardacento
Nesse teu jeito fechado
De quem mói um sentimento
E é sempre a primeira vez
Em cada regresso a casa
Rever-te nessa altivez
De milhafre ferido na asa
Ver-te assim abandonada
Nesse timbre pardacento
Nesse teu jeito fechado
De quem mói um sentimento
E é sempre a primeira vez
Em cada regresso a casa
Rever-te nessa altivez
De milhafre ferido na asa
Rui Veloso
Ontem cheguei a casa, cansada de tantas noitadas seguidas, mistura de estudo intensivo com borgas para rebentar. Tinha pouco mais de uma hora para mim, uma hora para relaxar e descançar. Vesti a camisa de noite, abri a cama... Não, ainda não estava bem assim. Liguei o computador e as colunas, escolhi as músicas de Rui Veloso, as mais calmas - Porto Côvo, Cavaleiro andante, Sei de uma camponesa, Logo que passe a monção, Porto sentido... Sim! Era isso que faltava! Esse gosto de algo... que pertença ao resto da minha vida. Algo que tenha estado sempre lá, desde pequenina. Aquele gosto familiar, seguro, que nos faz mesmo dormir como crianças. E dormi, calma, relaxada, não apenas porque por si já tinha sono, mas sobretudo porque tinha comigo aquela voz, portuguesa por sinal, que me embala tão bem... E por uma hora foi como se fosse outra vez uma criança a dormir a sesta numa casa de praia...
Mais uma vez relembro o maestro Vitorino d'Almeida, quando numa entrevista o ouvir dizer que muitas vezes costumavam adormecer, ele e a cadela, a ouvir música e que tal não tem de ser um motivo de vergonha, pelo contrário - adormecer com música pode ser não um reflexo de tédio, mas sim um reflexo de relaxamento.
3 comments:
parece-me relaxante...aqueles pequenos momentos que temos para nós, longe de tudo e de todos, aconchegados, pequenos momentos preciosos que fazem falta, por vezes esquecemo-nos de nós...devemos fazer tudo o que nos compete, mas no meio de uma vida de corrida, devemos também parar, relaxar,dscontrair...
bjinhos tati*
*pedacinhos de felicidade*
são aqueles pedacinhos (como diz a tati) da infância...aquele porto "seguro"..um embalar natural que nos acolhe e recebe sempre, e onde sabemos que estamos sempre em casa... :)
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depois de um dia cheio, sabe bem recolher às músicas que nos embalam e alimentam sonhos e sentimentos. sabe bem saber onde pertecemos no matter what :)
beijo grande*
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