Regresso às fragas de onde me roubaram.
Ah! minha serra, minha dura infância!
Como os rijos carvalhos me acenaram,
Mal eu surgi, cansado, na distância!
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Cantava cada fonte à sua porta:
O poeta voltou!
Atrás ia ficando a terra morta
Dos versos que o desterro esfarelou.
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Depois o céu abriu-se num sorriso,
E eu deitei-me no colo dos penedos
A contar aventuras e segredos
Aos deuses do meu paraíso.
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Miguel Torga
Isto das férias lembrou-me este poema. É como um regresso, um chegar ao quarto de todas as noites de malas cheias (com quê?, de que viagem?) e dizer "Aqui estou eu! finalmente em casa!"... E olho para o vazio... - aqui estou eu, eu e mais ninguém neste espaço... Eu, eu, eu natural, sem horários malucos, tempo para olhar para o meu reflexo... E é estranho, surreal mesmo, passar das noitadas e do marranço, e do corropio geral para esta inércia. Silencioso e sem gravidade, como na lua... Mas estou aqui. E vou apreciar estes meses comigo, nestes dias zen, sestas e tarefas de fada do lar, como quando era pequena...
*devido às manias deste blog tive de recorrer aos traços para simular a mudança de estrofe.
3 comments:
sweet poem...e sim, as férias trazem aquele equilibrio entre as saidas e os dias calmos e que demoram a passar...
:) ************
"e olho para o vazio", mais preenchido do que parece, de certeza.
meses vagarosos na correria típica do verão. mas sabem bem finalmente gerir os dias consoante a nossa vontade.
está na altura de também nós nos deitarmos "no colo dos penedos" :)
beijo grande*
ás vezes chega a fazer impressão a diferença repentina entre o stress máximo e a calma repentina.
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