Lady...

Sentada no carro a ver as vacas pela cidade. Encosto a cabeça no vidro e penso... Nos músculos e nos movimentos que se compõem... na forma que o corpo vai tomando... E olhava para mim no espelho - olá! sou mulher!... E por vezes (provavelmente devido à miopia) no meu reflexo eu via-a a ela... Marcada em mim como uma herança de sangue... A olhar para mim do outro lado do espelho, como uma aparição, como... um elogio... E senti orgulho! E olhava para mim (com olho um tanto clínico!) - como as curvas se vão lentamente delineando... Expandia-me pela sala, crescia aqueles cinco centímetros... Sentada no chão, tocava nas pontas dos dedos, abraçava os joelhos... E não podia/posso deixar de agradecer (e respiro fundo de alívio) - pela/ à dança, por me revelar a mim mesma, quando eu já nem me lembrava que existia, pela auto-estima, pela descoberta, pelo corpo, por mim! (e sim, secretamente, sem querer admitir, agradeço também a outra ela que me impinge dietas que "até" resultam!)... Sorrio para mim, vejo mais uma vaca... E volto a casa, eu, ela e o meu ego...