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Thursday, August 10, 2006

As duas margens da praia

Sabes, sinto-me dividida. Penso se não estarei a deixar escapar parte da minha vida. Falta uma peça neste puzzle. Eu espero até que ela apareça de algum recanto escondido e inesperado (como as pessoas dizem...) Não, calo-me porque me falta a metáfora...

Estas férias pesam-me na consciência. Um pouco... Cheiro a parte interior do cotovelo (como dizia no livro)... Cheiro a pêssego e after sun. Suspiro e afago o cabelo...

Tu olhas para mim confuso, mas não dizes nada, como se esperasses que aabasse de formular o meu pensamento. Vê se percebes...

Estas férias são uma interrupção de mim, da minha vida, da euforia esgotante da rotina. Eu numa praia com os meus livros, eu a passaer de noite, eu a dormir a sesta, a redescobrir o prazer de cantar enquanto lavo a roupa à mão, o gosto da fruta sumarenta, eu no meio do vazio... á para fora cá dentro!... O inesgotável prazer de ter um livro no regaço por 175 páginas... Apoio a cara nas mãos. Cheiram a pêras e ameixas frescas.

Tu aidna não percebeste qual éo meu problema. Acho que me censuras com o olhar, como se quisesses dizer que tenho sempre um problemas, que não sei viver sem um! Talvez tenhas razão...

Por outro lado... Será que eu devia dormitar no meu casulo? Olho para os jovens da minha idade e sinto (e tenho medo) que estou a perder alguma coisa. A rotina já se sabe como é! Correrias meses a fio, e agora nas férias fecho a lojae tranco-me dentro de mim, entro em sono estival... Não me sinto à vontade para deixar "o que há-de vir" (e quem há-de vir) nas mãos do destino e depois construir diques e barragens...

Tu tores o nariz e abres os olhos em tom de aviso. O assunto proibido. Aquele que colocámos em pousio. (Já sei! Já me calo!). Simplesmente não quero sentir-me culpada pela falta da peça do puzzle. Não é uma questão de ansiar, procurar, suspirar... é uma questão de consciência.

Não consigo imaginar o que me possas dizer. Tenho a mente vazia e confusa...

Após uma pausa encolhes os ombros como quem diz que não se pode ter tudo. Odeio quando me dizem isso! Lembro-me sempre de quando o meu pai quis que escolhece entre a dança e o canto porque não iria conseguir manter os dois, mas eu desdobrei-me toda e lá consegui o impossível... mas este é outro caso.

Parece-me que se trata de abdicar de fazer parte daquilo que gosto por uma suposição, um tiro no escuro... Postas as coisas desta forma apetece-me deixar tudo como está e o destino que se esforce por ultrapassar os diques! Por outro lado a responsabilidade pela peça que ainda não foi encontrada...

Quero que me faças festilhas no cabelo, que me aconselhes e que me digas que escolha eu o que escolher que as coisas irão acabar por correr bem...

3 comments:

sahara said...

a peça também anda à procura do puzzle onde irá encaixar. e quando o momento acontecer, percebes que não te faltava nada, que não perdeste porque tudo o que está para trás foi preenchido automaticamente, aí, nesse (re)encontro.

é tão difícil 'comentar' sobre os sonhos e responsabilidades que respiram nos outros. parece sempre que se está a entrar num terrítório proibido :$

beijo grande*

sancie said...

What xary said!

LOL

No, seriously, I do agree. Everything always has a way of sorting itself out! No matter what or how, it's all good in the end ;)

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marina said...

quem não quer? quem não quer que lhe digam com todas as certezas que vai mesmo tudo acabar bem...

já viste quanto tempo perdemos a procura da peça certa para o sítio certo? no entanto, o puzzle é sempre feito. :)

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