O corpo treme. As lágrimas caem. A raiva propaga-se por mim como electricidade num poste de metal. Não tenho palavras, apenas uma explosão nuclear dentro do peito. Não há palavras, nem argumentos, nem gritos. Parece que tudo se passa apenas cá dentro. O grito de independência soa urgente como um urro. Pôr as minhas coisas numa mala e sair porta fora. O destino nem interessa. Não posso. Ou por outra, não quero. Não suportaria a humilhação de ter de voltar. As lágrimas escorrem-me pela face.
Há discussões que são como becos sem saída. Nenhuma das partes vai dar a mão à palmatória, e ambas sabem disso. Mas há discussões que são sujas, como um punhado de areia nos olhos. É o mais azedo, o mais àcido, o mais amargo. Quando ele me vira as costas e me dá por vencida. Ele não foge; ignora-me e diminui-me. E no entanto eu não estou derrotada. Continuo a defender o que acho correcto com a mesma força e constância. Mas olha para mim como se fosse uma menina tola e é só! Os meus argumentos são um turbilhão confuso que ele finge não sentir.
É como um burro de palas que só vê o caminho a direito. É teimoso como uma manada de vacas parada no meio da estrada. É crónico. Por vezes penso que por muito que eu cresça e evolua, voltarei sempre a ter doze anos nas horas de tempestade.
4 comments:
É difícil ser filho(a) principalmente quando se quer e já se têm idade para ser mais independente e queremos seguir o nosso caminho, mesmo que este nos possa levar a esbarrar contra uma parede, mas aí é a nossa decisão. É difícil porque não temos independência financeira, e estamos como que amarrados, acorrentados.
Deve ser difícil ser pai/mãe e deixar de pensar que os nossos filhos se estão a tornar homens e mulheres e a fugir do nosso controlo, a ter começar a ter uma vida própria e a sair da nossa própria vida. Ou seja de que estamos a envelhecer. Que o nosso ciclo é outro e que esse ciclo terá que ser iniciado pelos filhos. Deve ser difícil de deixar de nos preocuparmos com os filhos. E de liberta-los, deixa-los ir, principalmente porque temos dúvidas se de facto teremos criado/educados os nosso filhos convenientemente para a vida, para o mundo.
É difícil para os 2 lados, sempre foi e sempre será.
País:
Medos dos pais que são enviados para os filhos. E medos esses que são dos próprios pais de acordo com as experiecias vividas, e com os medos que se vivem no momento.
Filhos:
Sede de viver, de decidir , de sermos nós, de crescermos, de conhecermos, de nos magoarmos, de nos tornarmos aquilo que ao fim ao cabo tanto ansiávamos. Ser adultos.
Quem disse que os relacionamentos são fáceis.. sejam de pais para filhos, de filhos para pais. De marido para mulher, de mulher para pai. De Irmão para Irmão, de amigo para amigo.
Mas há que tentar fazer o mais sensato mesmo que não o possamos suportar. Mas e daí o que raio é o mais sensato? O que raios é o certo.. Principalmente quando queremos viver.. e ser nós.. e principalmente quando nos enviam chantagens em vez de argumentos, imposições em vez de debate.
Calma.. lembra-te.. as palavras uma vez ditas.. não podem ser retiradas.. e muitas vezes nem esquecidas.. apenas metidas temporariamente no baú. Mas ao mesmo tempo tenta ser tu. É difícil.. mas eu nunca te direi que a vida será fácil..
E ser pai/mãe tb não deve ser fácil. Principalmente porque já não têm a vida toda pela frente.
No meio disto tudo, tenta o equilíbrio.. onde quer que ele esteja..
Beijocas grande e cresce.. mas tb não tenhas tanta pressa em crescer.
You knouw wath I mean?
Luis
PS: tks pelo comentario numa das minhas crónicas.
god, that's one big comment *looks up in awe*
humbled as I am by the hugeness of it, I'll leave you with the immortal words of one of the (many) brits whom we love (guess which?):
"Children begin by loving their parents; as they grow older they judge them; sometimes they forgive them."
(doens't seem too practical that u should try and see both sides of the question, though. and as a battle plan it's positively flawed :P:D)
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tem calma. ter só um pai é dificil principalmente qdo não se tem um irmão ou irmã com quem desabafar ou para quem recorrer nas discussoes. se quiseres desabafar já sabs q estou aqui (ate tenho ido a lx e tdu). tens de ver pesos e medidas, contrabalançar as coisas e ter mta paciencia. Acima de tudo ele é teu pai e tens q o respeitar como pai k ele é. custa mas tem d ser. além disso essa liberdade, essa coisa toda de sair de casa tem suas desvantagens, não é só liberdades, pesam mais as responsabilidades e acredita q acabas por ter menos liberdade até.
so they say...what do I know?
as discussões diminuem os dois lados, acredita. e essas discussões são o pão nosso da cada dia de tantas famílias/casas... dá raiva na altura, muita mesmo. apetece fugir! mas depois da poeira baixar, tudo volta ao normal :)
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