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Tuesday, September 05, 2006

Desfocada

Mais uma discussão... Sempre o mesmo assunto que já fede... Lágrimas que rolam, cansadas. Desta vez percebo-as. Desta vez não choro sobre o abstracto. Sei porque me magoas. Porque me tomas por outra pessoa e isso dói. Tu de todas as pessoas devias ser o último a julgar-me de forma tão injusta. Pensei que soubesses que não sou assim como me pintas agora. E aquele punhal: "Não foi essa a educação que eu te dei", como quem quer dizer onde foi que eu errei?... Como se a culpa fosse minha. Mas culpa de quê?

Tu estás mal-habituada, pensas que todos são teus criados, mas não é assim. E mais: se não mudas de atitude vais-te dar muito mas na vida, muito mal. Ouve o que eu te digo Joana (o meu nome conspurcado num tom infame), tu aprende que eu sou teu pai, eu sei mais da vida do que tu, tu assim não vais lá.

Mas eu não sou assim. É o que dói é que eu nunca fui assim, plo menos não sobre a acusação de hoje. Sinto-me traída por ao fim de vinte anos não me conheceres. E isto tudo porquê? :

- Vais à loja e trocas o adaptador.
- Então e a factura?
- Levas a caixa.
- Sim, mas a caixa pode não chegar. Onde guardaste a factura?
- Epah, a caixa está no teu quarto.
- Sim, mas e a factura?
- Oh Joana procura! Eu não sou teu criado...

...e foi assim que começou. Mas não é essa a questão, tento dizer-te, mas tu não me ouves. Quando te irritas não há palavras que te façam ouvir a razão, ou sequer que te acalmem. Eu devia fazer como todos os outros e deixar a besta passar quando está enraivecida, em vez de lhe fazer frente, mas sinceramente não acho que deva deixar passar as calúnias e injurias que me lanças. Não foi isso que me ensinaste. A questão aqui é que eu não faço perguntas para chatear os outros, eu faço perguntas para estar prevenida, para poupar tempo. Acho óbvio que se perguntar onde está determinada coisa isso reduza a área de busca e a duração da mesma. Acho lógico que mais vale levar logo a factura do que ir à loja só com a caixa e correr o risco de ter de voltar para trás para ir buscar uma coisa que podia ter levado logo. Porque foi essa a educação que tu me deste. E tu não (me) reconheces. Eu sou como tu me ensinaste a ser. E agora tu repudias-me por isso. É isso que dói. É que quando não sou como tu tu chamas-me estúpida e taralhoca; quando sou como tu achas que sou irritante e mimada. Decide-te! Não, não acho que me deva deixar ficar:

- Quando eu procuro sozinha sem te pedir uma localização mais precisa tu depois chamas-me lenta, por isso é que estou já a perguntar. (Touché!)
- Não desvies a conversa! Tu estás a ser mimada e esse comportamento não te leva a lado nenhum. Acabou aqui a conversa... (Claro, escolhes a saída mais fácil. O teu papel vitalício de pai, algo que não poderei nunca destronar, e sob essa sombra não tens de admitir que estás errado).

Dói que não me conheças. Dói que não jogues de forma justa. Dói essa agressividade animal espelhada nos teus olhos que me faz sentir como uma presa. Dói porque sou um alvo injusto e devias saber disso.

2 comments:

sancie said...

Fathers can be so utterly unreasonable at times!... i'm still trying to figure out if it's a man thing or a parent thing.

whichever, though, it's annoying and unfair, and they know it. and that gets them madder and more unreasonable. it's a whole cycle of unreasonability.

fools...

marina said...

eles abusam do poder...e nem sempre se apercebem porque pensam que é tudo para o nosso bem e para a nossa educação...mas enganam-se, como tda a gente...e perdem a razão...

de qualquer maneira, essas discussões passam. por muita raiva que deixem, é momentânea :) trust me

:) *************