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Thursday, September 21, 2006

Pássaro amarelo

Sentia-me uma gaiola vazia, oca, por onde passava o ar. Daquelas que esperam uso. E de vazia, por vezes o batimento do meu coração vazia eco nas suas grades. Seguia a minha vida normalmente. Sabia na pele que faltava alguma coisa, mas era mero conhecimento. A vida continuava. Agora tenho um pássaro amarelo cá dentro. Inquieto no seu poleiro. Bica as grades metálicas como se fosse madeira que conseguisse desfazer. Sem resultado. Fica exasperado por liberdade. Saltita freneticamente, preso na gaiola. E eu espero. Gasto os nervos a contar os segundos que passam. Peço coordenadas ao vento. Nada. O horário que não solidifica, o telefonema que não vem. Mergulho na contemplação do pássaro amarelo. Nervosismo e ansiedade percorrem o corpo. O tempo passa veloz e custa a passar. O pássaro começa a mirrar, a perder a cor. Espero e espero e peço para não esperar mais. Quero voltar. Soltar o pássaro e a voz, ser o que era antes. Ligar aquele holofote. Sentir o som vibrar dentro de mim, a promessa de uma nota a formar-se cá dentro. Prolongar-me, transmitir-me, viajar uns metros para além de mim. Num sopro. Quero ser o meu instrumento outra vez. Limpar as teias de aranha e recomeçar...

2 comments:

sahara said...

gostei da imagem transmitida (as always).

limpa tudo muito bem. solta esse passarinho que está mais do que ansioso por recomeçar a cantar. boa sorte, joaninha :)

bj*

marina said...

nice :)

é mesmo o que a xary disse, solta isso tudo! (o pássaro, isto é...) eu sei, hoje não devia fazer comentários...:S LOL

=P *********