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Thursday, December 28, 2006

Redes e gaiolas

Chás, xaropes, comprimidos para a tosse. Não consigo dizer duas frases inteiras sem desatar a tossir. A garganta arranhada, a voz sempre rouca. Ligo a adiar mais uma aula. Odeio não ter a voz em condições! Pesa-me na alma não poder voar. Fechar os olhos e brincar com o ar dentro de mim - nada disso! Tomar banho e cozinhar em silêncio. Como se parte de mim estivesse morta. Arriscar uns poucos compassos e aperceber-me de como estou diminuída. Presa cá dentro... Suspiro e oiço os outros. Sinto um vazio cá dentro. E embora esteja tão ocupada na minha luta contra livros e sebentas custa-me que a cada cinco minutos esta minha mortalidade me atinja como um raio. Esta espera atormenta-me ao âmago, a mim que tenho tantas saudades...

Wednesday, December 27, 2006

Mudanças

I must say that I don't like moving about from one home to another; one gets so pleasantly used to all the detail of life about one; it fits so harmoniously and happily into one's own life, that beginning again, even in a small way, is a kind of pain.
William Morris, News from Nowhere
Finalmente algo que me liga a este livro! Não gosto de mudanças. Sou uma pessoa de raizes, afeiçoo-me ao que tenho e pronto! Não percebo essa fúria de correr o mundo de verdade. Amigos em vários países, visitas constantes ao resto do globo. Para mim o único recanto que preciso é a minha cadeira de baloiço e os meus livros. E as pessoas. O que mais me custa são as pessoas. Porque não sou de me dar muito a príncipio. Vou aos poucos, como um gato desconfiado até que me sinta em casa e apartir daí é uma festa em cafeína! Balões todos os dias e muita maluquice e afecto. Mesmo que não mostre - porque nunca fui muito de beijinhos e abraços. Leva o seu tempo, mas quando o gelo é finalmente quebrado e eu começo a ronronar chega a hora da despedida. E já não me lembro de como era a minha vida antes... Não, não gosto de mudanças. Custa-me pensar que o fim está próximo, que não vai sempre assim e que a vida tem de seguir em frente. Olho para as fotos de grupo e parece que já prevejo fantasmas. Como um puzzle que vai perdendo as peças com o tempo. E no fim não me consola muito pensar que não vai doer. Pensar que será o que tiver de ser e que não faz mal. Outras pessoas hão-de vir, novas raizes se irão formar. Sentir que a vida é uma série de relações cruzadas, um "Olá, como estás? Deixa-me partilhar um pouco da minha vida contigo" sem cessar. E por muito que seja um "fenómeno mágico de interacção social" no fim acabo sempre por regressar à minha modesta cadeira e a fotografias desbotadas... Que vou fazer? Esconder-me debaixo da cama? Aninhar-me na minha cadeira de baloiço e esquecer tudo o resto? Não! Há que continuar a viver, a partilhar e a sorrir, mesmo que no fim noventa por cento das nossas relações tenham um prazo de validade.
"como se as pessoas não deixassem um buraco" - De novo aquela minha frase que não consegui esquecer...

Monday, December 25, 2006

Família...

Há algo de estranhamente adorável no facto de a minha avó ainda me oferecer chocolates infantis. Bolinhas do Noddy para pendurar na árvore. Nesta época é bom sentir que não cresci...

Sunday, December 24, 2006

Dysfunctional Family Christmas



Mais um grande sketch Saturday Night Live...

Taking a moment

Acabada de embrulhar, coloco a última prenda debaixo da árvore. Ligo as luzes e sento-me no chão. Tantas prendas e tão meticulosamente dispostas! Sabe bem... Fico ali cinco, dez, quinze minutos. As luzes reflectidas no meu rosto. Quantas estarão ali? Vinte? Trinta? Quarenta?... E só duas são para mim. Não faz mal, nada mesmo. Porque o que me faz sorrir não são quantas prendas eu tenho para mim, mas quantas prendas pensadas e compradas por mim. Tantos rostos para observar na altura de as abrir. Faces que se iluminam, exclamações que se escapam. Tudo isto eu vejo no chão, com restos de fita cola nos dedos e um sorriso nos lábios. Prendas...

Saturday, December 23, 2006

Baby Bee

Parabéns Marina!!
(este seria o momento em que começaria a cantar histericamente, não fosse eu estar rouca, com voz de desenho-animado e... na net...) ... anyway...
... mente em branco... BOLLOCKS! Isto sem ti é dificil de dizer! Eu quero é dar-te beijinhos e abraços e rir estupidamente e beber café e andar à tua volta a fazer coisas estúpidas, tipo um Pluto bebé!
Parabéns!!

Thursday, December 21, 2006

Schweaty Balls



O sketch de Natal do Saturday Night Live mais nojento de sempre! Nada de mal, apenas verbalmente... imaginativo! Não dá para para de rir!

Tradições natalícias

Sessão de cinema obrigatória em todos os Natais:

- Sozinho em casa
- Sozinho em casa 2
- O amor acontece
- Um porquinho chamado Babe (na noite de 24, bem embrulhada na cama)
- O Quebra-nozes (o bailado, não é aquela fantochada digital da Barbie!)

E viva o Natal!... Infelizmente não sei se vou ter tempo este ano de os ver todos, ossos do ofício!

Tuesday, December 19, 2006

Monday, December 18, 2006

Corropio natalício

Palavras minhas... minhas. Há tanto tempo que não pensava por escrito. Já tinha saudades. Não há tempo. Nunca houve muito, mas agora parece que a ampulheta ligou o turbo e o tempo passa a correr. O corropio do Natal sabe bem, é diferente, é tradicional, é alegre. Fazer a árvore de Natal, comprar prendas, fazer embrulhos, preparar a casa, fazer o almoço para a reunião familiar, lavar a baixela, comprar roupa para a passagem de ano... Organizar tempo e dinheiro. O meu e o dos outros. Cumprir com a tradição de ver os mesmos filmes de sempre... Depois infelizmente há o resto da minha vida - as sebentas, os trabalhos, os livros. Sempre ali, sempre a crescer. E o tempo não pára. A manta, o sofá e os dvds chamam-me e eu tenho ido. Não por muito mais tempo, digo a mim mesma. Estas sestas têem de acabar! Está na hora de correr o horário, picar o ponto, mostrar lucro!... Sim! Vamos acreditar que este foi apenas um fim-de-semana. Apartir da próxima manhã começam verdadeiramente as férias e o corropio do resto da minha vida.

Children's letters to God # 4 - especial Natal

DEAR GOD,
I WOULD LIKE THESE THINGS.
a new bicycle
a number three chemistry set
a dog
a movie camera
a first baseman glove
IF I CAN'T HAVE THEM ALL I WOULD LIKE TO HAVE MOST OF THEM.
YOURS TRULY,
ERIC
P.S. I KNOW THERE IS NO SANTA CLAUS.

Já tinha saudades deste livro... O Natal deixa-me particularmente nostálgica (e também um pouco melosa)

Friday, December 15, 2006

The holiday - preview



Existe uma razão pela qual Nancy Meyers é uma das minhas realizadoras preferidas... Muito, muito, muito bom. Daqueles filmes que se vê em qualquer altura, por qualquer razão, uma e outra vez... I guess the question is "what is not so great about The Holiday?"*
*Friends, 3rd season, episode 13

Wednesday, December 13, 2006

Quem conta um conto... # 2

Aulas de I.C.L. são simplesmente mais do que aquilo que consigo aguentar! Ninguém sobrevive decentemente a duas horas de fonemas e morfemas e dialectos e mariquices semelhantes. Mais uma vez recorremos ao poder das composições conjuntas para nos ajudar a passar o tempo. Assim, sem mais demora aqui fica o brilhante resultado:
Era uma vez uma àrvore de Natal que se suicidou após ouvir uma aula de I.C.L., que é uma seca descomunal e nos vai matar a todos de tédio, tornando-se num segundo Holocausto. Mas que holocausto?, disse o Pedro com cara de interrogação. O mistério do assassinato da rena Heinrich parecia insolúvel?! Não! Chama-se Roberto, disse o polícia, ao mesmo tempo que segurava uma placa que dizia "Morte aos esquilos" na aula de I.C.L. e todos gritaram cheios de medo, subindo para cima das cadeiras. A professora, assustada, gritou desesperadamente:
- A aula acabou! Vamos todos embora.
E todos estenderam os braços, claramente hipnotisados, e dirigiram-se ao Continente mais próximo para comprar chocolates e a baixela da Floribella. Um par de estalos naquelas fuças é que era; ver se deixava as drogas. Falar com àrvores nunca fez bem a sandes de fiambre. Já estava com fomeca! Mas o que me estava mesmo a apetecer era um crepe chinês com uma mensagem no interior. Era um panfleto para aderir à cientologia - disse o senhor que acabou de admitir que no seu grupo de amigos se tratam por chupistas. Não, eu gosto mais do "Puxa o push pop! e guarda o resto!". Já provaste?
- Não! - gritou o escorpião. - Nem penses que vou tomar esse remédio nojento. Antes óleo de fígado de bacalhau! - Mal tinha acabado de o dizer quando de repente surgiu um cão e comeu os gatos fedorentos, salvando assim o mundo dos quatro cavaleiros do apocalipse. Mudando de assunto, já viram o anúncio da Tvcabo? Três pitas penduradas num helicóptero. Mas estava muito vento e o helicóptero caiu dentro de um vulcão ondes os pobres E.T.s estavam a receber a sua lavagem cerebral.
- Bolas! - pensaram eles. - Isto é uma cabala! - E com esta frase surgiu de imediato Santana Lopes de fato lycra azul, cuecas vermelhas por fora das calças e uma capa com um grande "S", sim senhora. Nunca vi coisa assim. Mas, só um pormenor, para que é isso? Estava claro! Era um gato alérgico a alforrecas, que é o que nos vamos transformar se ficarmos mais tempo nesta aula de I.C.L.!!!

FIM


Contributos:
Joana Manata
Joana Silva
Tatiana Salvador

Monday, December 11, 2006

Keeping life simple # 3

Use pinhas como suporte para os cartões com os nomes dos convidados da sua festa de Natal. Pode pintá-las ou deixá-las na cor natural; escreve o nome dos convidados num pedaço de cartão e limite-se a encaixá-lo na pinha.
Se as luzes de Natal estão todas embaraçadas, ligue-as à vez na tomada para conseguir distinguir uma fiada da outra.
Uma semana antes do Natal junte a família toda, com tias, primos e amigos e passe o dia a fazer dúzias de bolinhos. Quando estiverem terminado, dividamas variedades e cada um levará para casa uma grande quantidade de bolinhos de Natal.
Faça uma gravação das cantigas que habitualmente são entoadas pela sua família na época do Natal. As crianças vão adorar ouvi-la ano após ano e os familiares ausentes vão apreciar recebê-la de presente.
Aprenda a arte do origami e renove o aspecto da sua árvore de Natal.
As tradições familiares são mágicas para as crianças. Na minha família, a minha mãe e eu costumávamos sempre enfeitar a árvore de Natal. Agora faço-o com os meus dois rapazes, e eles também gostam imenso de o fazer porque já se tornou uma tradição familiar. Outra família que conheço faz colares de pipocas todos os anos no Natal. É peganhento e provoca imensa confusão, mas nem por isso menos divertido. Outra família tem por hábito ir até ao campo lançar papagaios todos os Domingos de Páscoa. Os seus filhos podem ser os primeiros a lembrarem-lhe esses costumes - regra geral, este tipo de tradições dão-lhes segurança e grande satisfação.
Karen Levine
Estava na altura de tirar a biblia da estante. Limpar-lhe o pó e voltar a fazer planos para muito, muito longe daqui. Anos de distância. Sim, sou muito Monica (o que no fundo não é novidade para ninguém!) e gosto de ser assim, por muito irritante que possa por vezes parecer. Planeio muito e no fundo quero apenas tradições. Fazer coisas que (quase) ninguém faz. Quero que as pessoas sorriam e digam que sou estranha e engraçada por ter tradições tão... fofas!, diria a Sara. Quero um legado peculiar para os meus filhos... Imagino-me ainda daqui a muitos anos com as mesmas hastes de rena vermelhas na cabeça!

Friday, December 08, 2006

Note to self

Não há nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada, nada
como dançar salsa (e kizomba) com alguns dos meus meninos...
(Mais uma vez reinaram as camisas pretas! Abençoadas...)

Wednesday, December 06, 2006

Monday, December 04, 2006

Sunday, December 03, 2006

Epifania

Semanas com aquela dúvida. Aquele fantasma podre a arrastar-se comigo, para onde quer que fosse. Nas minhas conversas, nos meus pensamentos, naquele rosto. Dias e dias em que me esmigalhava como uma noz debaixo de um quebra-nozes. Pedacinhos por todo o lado. Um "e se" que ecoava sem fim. Palpitações que não percebia, indefinidas. Tinha medo de perceber. Medo de saber. E se... E num segundo via os sonhos de tantos anos desmoronados perante a incerteza. Perante a possibilidade. Não, não pode ser!... mas e se... Dias nisto sem ver a luz ao fundo do túnel, com medo sequer de seguir em frente e encontrar o caminho certo. Apetecia-me gritar, arrancar os cabelos. No entanto não tinha a certeza do que custaria mais - a incerteza em que já estava mergulhada ou a certeza do que não queria saber. Do que não podia tolerar. Antes de adormecer voltava a analisar tudo, uma e outra vez, scannava tudo que vai cá dentro. O resultado era sempre o mesmo - inconclusivo...
Cai de exaustão. Deixei-me ficar. A dúvida a mordiscar-me e eu sem reagir... Apatia. Cansaço. Negação(?)... Mergulhei no sofá, quase três da manhã a rever episódios da Buffy e de repente um sinal. Uma brisa de ar fresco no meio deste ambiente sufocante. Esteve sempre ali, mas por qualquer motivo apenas me atingiu naquele momento. Finalmente! Imagens e diálogos que confortam. Que acalmam. Não que eliminem magicamente as dúvidas - aquele rosto ainda me perturba - apenas tombaram um dos lados da balança. Mudo de canal - a mesma coisa. Suspiro de alivio. Afinal nada de novo neste coração...

Saturday, December 02, 2006

Regresso a casa

Acordo para uma realidade diferente. Uma casa diferente. Duas semanas depois ele chega ao lar. E eu não sinto nada, pelo menos nada do que devia sentir. O coração é um poço vazio e tudo me parece um filme a preto e branco, sem som. Sem sentido. Sem sentimento. Não, não tive saudades, nem estou feliz pelo seu regresso. Sinto-me mal por isso, mas é mesmo assim! Acabou-se a rainha do comando e as noitadas na sala entre sebentas e episódios da Buffy ou Friends. Fim ao comer no sofá e ao ler na cadeira de baloiço sem interrupções... Não há forma de explicar isto sem ser julgada. Sou uma má filha? Talvez. Provavelmente. Mas no fundo sinto e sei que isto é apenas o peso das nossas divergências e o meu desejo de liberdade. Tento acreditar que é orgânico, inevitável e por isso perfeitamente desculpável da minha parte. Afinal é normal que aos vinte anos já queira ter o meu espaço (por inteiro, todas as assoalhadas), certo? E também que sejamos diferentes, mesmo ao ponto de a convivência ser, por vezes, um grande fardo. Aquelas pequenas coisas que corroem. Sim, ninguém é perfeito - mas também porque é que se parte do pressuposto que vou viver sempre acompanhada?? (Uns tempos sozinha sabiam bem. Desinfectar-me dos hábitos de uns e preparar-me para os de outros.) Além disso já são muitos anos com os mesmos hábitos!
O nosso problema é que essas "pequenas coisas" afastaram-nos. A forma como ocupo o meu tempo livre, os meus gostos, os meus interesses, os meus hábitos são tudo coisas que nos afastam. E não sou só eu - somos os dois; tu porque fazes de tudo isto uma piada ou uma regra que naturalmente me contraria; eu porque me deixas rabugenta e intolerante e apartir daí nada de bom pode surgir. E por vezes é tão pequenino que chega a ser absurdo! Como um dvd ou um copo que deixo na mesa de café à noite. Irrita-te sempre vê-los lá de manhã (sempre foste uma morning person, ao contrário de mim). Mas eu sou assim - faço uma confusão durante o dia e só arrumo no dia seguinte depois do pequeno-almoço. E o que tem de tão grave? Eu arrumo sempre, mas depois do pequeno-almoço. Mas já não vai a tempo, já houve repreensão. Ou as séries com a audiência a rir - para ti insuportáveis. É impossível ver televisão contigo! Deixei de tentar. E por tudo isto estas duas semanas souberam a pouco. Não apenas porque pude fazer tudo o que queria, mas porque pude ser natural, sem que me contrariasses os tiques ou fizesses observações. Hoje voltei a sentir-me como um animal numa jaula...

Wednesday, November 29, 2006

Quem conta um conto...

Quando um grupo de jovens de vinte anos se reúne à hora de almoço e resolve fazer uma composição em conjunto - deixando apenas a última paravra à vista para que a próxima continue - o resultado é este:
Um croissant de chocolate ia pela rua muito descontraído quando o tecto caíu, todos ficaram espantados e choravam muito. Muito barulho se fez nessa noite, o João sabia que a feira da carne no Feira Nova é à quarta-feira. O senhor doutor estava fascinado com o estado do seu paciente e disse: "Ouve lá, onde é que estavas no 25 de Abril?" Ele respondeu que ainda não era nascido. Mas morreu muito depressa e a verdade é que ninguém estava a ver as palhaçadas que ele fazia no meio da rua. O que ele fazia à noite também não era bonito. Mas bonito, bonito era o gato da vizinha. Esta viu um gato na janela e gritou pois tinha alergia a todo o tipo de frutos secos, pelo que não conseguia sequer abrir nozes muito amargas e cuspiu tudo para o chão. Bolas! Cai-me tudo das mãos. Sou um desastre ambulante. Então apareceu o Tinóní e deu um pontapé na Floribella, que morreu de osteoporose e o seu corpo foi parar à Nova Zelândia porque ninguém o queria em Portugal.
FIM
Contributos:
Joana Silva
Inês Simão
Marina Calado
Joana Manata
Tatiana Salvador

Monday, November 27, 2006

Sesame Street - Dance myself to sleep



Nesta altura do ano gostava de voltar a ser pequena (em idade). Com a agenda a rebentar pelas costuras com coisas que tenho para fazer, os problemas que surgem, a chuva e o frio, gostava de poder passar as manhãs em casa da minha avó, embrulhada na cama a ver a Rua Sésamo...

Sunday, November 26, 2006

"Não é café!"

Desabafo

Dias que passam por mim aqui fechada. Sala, quarto, sala, quarto... E nada acontece, nada do que devia acontecer. A maldita sebenta ainda ali está, impenetrável. E eu tento, uma e outra vez. E volto a cair. Aterro no sofá a ver mais um episodio da Buffy. Paro a meio, volto para a sebenta... tento e tento e não entra nada... Sofá... Sebenta... Sofá... E cheguei hoje ao ponto em que não posso mais cair. Não há (nunca) tempo, roubei minutos e horas para ser fraca mas agora não restou nada para roubar. Passo duas horas a ler quatro míseras páginas. Estou no meu limite. A linha está a chegar ao fim. E não é mero cansaço, que sim, é muito. É desespero. É o tentar, é o mergulhar naquilo que não gosto e não ver frutos. Nada! É o que me revolta. Ao menos com as cadeiras de literatura as coisas percebiam-se, as páginas avançavam. Aqui estou impotente e não posso deixar de me sentir como uma miúdinha pequena, incompetente e assustada.
Revolta-me! Revolta-me que passe os dias, todos os dias, um após o outro à base de comprimidos para a dor de cabeça e café e depois chego com nada para mostrar. Uma professora estupefacta a olhar para mim e a dizer que não chega, que isto não é o meu primeiro ano. E sentir-me envergonhada com a minha preguiça quando na verdade já estou a dar tudo o que tenho. E não chega. Depois veem as acusações. Sinto-as mesmo quando ninguém as diz. Ferem a pele e o que restou por baixo dela. Porque guardei o canto e a dança. Porque se calhar devia desistir deles por uns tempos. Não! Estou cansada, é verdade, mas eles são o meu combustível, sem eles não me voltaria a levantar (tão depressa) da próxima queda. Então porque me sinto ainda tão culpada? Tão preguiçosa, ingrata até??... Suspiro bem fundo... Volto para a sebenta, essa caixa de Pandora...

Friday, November 24, 2006

Café, o meu novo amigo

Buffy the vampire slayer - private joke

Buffy: Remember - the ritual starts, we all die. And I'll kill anyone who comes near Dawn.
Spike: Well, not exactly St Crispin's Day Speech, was it?
Giles: "We few, we hapy few..."
Spike: " We band of buggered!"

Sunday, November 19, 2006

Nas palavras de Gilbert O'Sullivan

Alone again... naturally!
* por duas semanas queen of the house!

Cats



Uma lufade de ar fresco neste ambiente meio depressivo...

Saturday, November 18, 2006

Gosto de abraços apertados. Sentidos e demorados. Daqueles em que cabe um suspiro.

E depois do sonho

Desperto de um sonho. Olho para o tecto nesta indecisão - bom ou mau? não sei dizer. Lembro-me nitidamente dele, ainda sinto o seu calor a vibrar-me no corpo. Sigo com o dia para a frente com a recordação a martelar-me na cabeça. Não a posso manter mas não a quero largar. É complicado... explicar sem descrever, sem narrar o que vi de olhos fechados. (Será que vale mesmo a pena?) Quem dera poder guardar a sensação numa caixinha no meu bolso. Acreditar de que é real, que é palpável, que não é só mais um sonho. Não ter mais nada nem ninguém para conquistar, - chega! Que agora só quero sorver-vos, aproximar-me, aprender os tiques, as histórias, os sonhos... E a mim - mais do que a minha companhia, não me querem conhecer? As minhas manias, as minhas frustrações, as minhas hastes, as minhas ideias, a minha euforia idiota - não me querem aprender? Eu sou uma pessoa tão estranha e normal... prometo! (desde que não beba café, aí já não respondo por mim!). Gostava de acreditar que já posso colher os frutos, que acabei o meu ninho e me posso aninhar em vocês. Dançar só já não me basta. Quero um clã, como dantes, private jokes incluídas. As brumas começam a levantar, como os primeiros raios de sol, fracamente mornos mas com a promessa de um calor mais forte. Não consigo esquecer as palavras, aquele abraço tão autêntico que me custa a acreditar que foi sonhado. Resta ainda um formigueiro nos meus braços e um calorzinho no coração...

Tuesday, November 14, 2006

Meu coração, minha bola de ping-pong...

... hoje levaste uma pancada tão forte que passaste para além do campo adversário. Atordoado e fora de jogo. Cais e agarras-te às feridas. Time out. Ssssh... deixa-te ficar estendido no chão. Deixa o mundo ganhar nitidez. A vida é uma batalha. Levantas-te e sacodes o pó de ti. Rasga esse invólucro, esse entorpecimento e avança. De novo em jogo e desta vez espero que fiques mais tempo no meio campo certo. Mais uma vez da depressão para a motivação. Mais uma vez, como numa partida de ping-pong.


"If you can't fix it you gotta stand it"

Saturday, November 11, 2006

When moonlight fills my room*

A verdade resume-se a isto: quando as luzes se apagam uma de duas coisas acontece. Umas noites sinto o cansaço das longas viagens que são os meus dias abater-se sobre mim e despojo-me dele como uma velha pele de serpente. São restos de felicidade, cai sobre mim um sentimento de recompensa. Outras adormeço num suspiro frio, com o cabelo por afagar e ninguém em quem me aninhar. Hoje é uma dessas noites.

*I still believe, Miss Saigon Soundtrack

Sunday, November 05, 2006

De novo...

Mágoas lavadas. Arrancadas numa noite. Palavras adormecidas no meu corpo moído, embaladas num suspiro. Cuspo mais uma semente podre para bem longe. De novo estou vazia e cheia apenas de mim! Sabe bem encher este corpo a solo. De novo no mar da tranquilidade. De novo no meu rumo. Vem... - abraça-me, desafia-me, faz-me dançar ao limite. Deixa-me ler-te, transforma-me para mim. Provoca-me, traz de volta a minha feminilidade, faz-me ir para além de mim, para além daquilo que era... Braços que me revivam como chamas para uma fénix moribunda. Voltei! Acredito que sobreviverei, que não é o fim, apenas um acidente de percurso. Estou viva! Cá dentro estou viva! Tenho braços e sebentas e anseio a manhã para meter mãos à obra! Dobrar esse cabo das tormentas a todo o vapor. Tenho esperança e (tantas) pegadas na areia para me guiarem...

Friday, November 03, 2006

Nations of the World



Há músicas que parece que nos perseguem o dia todo. Agora imaginem o que é passar a tarde toda (toda!) com esta música na cabeça... (ainda por cima só consigo cantar um continente!)

Wednesday, November 01, 2006

Medos

A ver aquele filme outra vez. O nosso filme. Já tinha tantas saudades... E a cada cena lembro-me dos vossos risos e expressões, coisas que já nem me lembrava, private jokes esborratadas. E aquele final:

- Everything is gonna change now, isn't it?
- Yes...

As lágrimas cairam por fim (é inevitável!). Desta vez bateu (mais) fundo. Senti as palavras cravadas na pele. Senti-as sairem de mim. E o meu corpo tremeu. Porque vai mesmo mudar e tenho medo. Olho para o passado e vejo as coisas mudaram, olho para o futuro e tenho medo do que aí possa encontrar. Para uns (e muito mais do que uns) é o fim da linha e isso aterroriza-me. Já tanta gente veio e foi na minha vida que não posso admitir por um segundo que isso nos venha um dia a acontecer. Ainda menos que esse dia este a alguns meses de distância. Fotografias desses dias que parecem tão longínquos. A realidade é baça e opaca. Quero aqueles risos de novo. Exactamente aqueles. Não! não quero sair daqui. (Vês como afinal também tenho medo de prazos?)... Suspiro... Quero acreditar com tudo o que tenho que desta vez (só desta vez) não será o fim. Que vos levarei comigo mais do que em simples memória...

Tuesday, October 31, 2006

Mortalidade

A cabeça pesa-me nos ombros. Esta dor cá dentro na sua "ladaínha", fazendo eco no dorido. Como pequenas pulsações de dor. Fecho os olhos e suspiro. A pilha de trabalho não pára de crescer. E eu quero ir, quero sentar-me com uma caneca, tragar essas sebentas e esses livros todos, limpá-los da minha consciência. Os olhos doem ao focar as letras. Esquece! Tenta descançar... Dez minutos, quinze, trinta... nada! Olho para a pilha e não consigo desligar-me do que me espera. Do que tem de ser feito. Deitada na cama a ver o tempo passar deixa-me inquieta. Este impasse enerva - não conseguir descançar, não poder trabalhar... Telemóvel toca - planos, convites, indecisões. Quero ir, quero estar com todos, sorver-vos em cada dia, todos os dias. Aceita uns, rejeita outros, tenta ser justa na distribuição do tempo... Esquemas, planos, listas. A minha vida é um mapa cheio de asteriscos, anexos e notas de rodapé! Sebentas! - quero ler sebentas! Ver-me livre delas, ter a mente tranquila. Ando na rua e as palavras passam por mim. Surgem na minha cabeça e fogem como cabelos que se desprendem. Frases que vêm e vão. Frases que se perdem, que nunca chegam aqui. Frases desgarradas, deambulando por aí. Chego a casa cheia de ar frio no rosto e vazia de palavras. Restam suspiros e bocejos. Esta mortalidade cansa! Esta condição, este corpo que não me acompanha. Correr o mundo de olhos fechados e parar na fronteira dos meus limites. Os livros em que não mergulho, os convites que deixo para trás, os olhos cansados, as pernas bambas, a voz que não sai, a dor de cabeça que mói, o pequeno vírus que se instala no fungar do meu nariz. Chega! Por hoje vou erguer bem alto a bandeira branca e dormir... Esquecer o que há-de vir. Amanhã será um novo dia. Aninho-me no meu casulo e espero pelas asas que surgirão novamente no próximo despertar.

Thursday, October 26, 2006

Daydreaming

É tão bom que até faz doer o coração! Conversa puxa conversa e chegámos ao delírio do Euromilhões. The true Portuguese dream!... Bom se eu ganhasse o Euromilhões:

- colocava o dinheiro no banco e vivia dos juros para o resto da vida depois:

* pagava a casa ao meu pai
* comprava o meu próprio apartamento
* comprava carro
* dava um pouco anualmente para pesquisa médica (gripe das aves e tal)
* comprava um segundo apartamento ao lado do primeiro, deitava uma parede abaixo para os juntar e fazia de um deles a minha biblioteca (tipo Bela e o Monstro)
* comprava todos os livros que me conseguisse lembrar
* comprava todos os filmes que pudesse
* comprava todas as séries de televisão que me ocorresse (Friends, Frasier, Lost, Gilmore girls, Will and Grace, Allo allo, Alf, Cheers, Bewitched, Joey, King of Queens, North and South, Family guy, Simpsons, Just shoot me, Caroline in the city, Dharma and Greg...)
* armazenava os dvds no segundo apartamento
* teria todas as aulas de dança que me apetecesse
* trabalharia numa livraria, visto que o ordenado não era problema
* compraria livros em Londres, New York em vez de os mandar pela net
* passaria um mês na Disneyland e todos os dias tomaria pequeno-almoço com o Pluto e a Minnie
* iria ver todas as Óperas que quisesse no São Carlos
* poderia ir ver o Quebra-Nozes todos os Natais
* assistiria aos Óscares com as estrelas
* iria ver o Cats na Broadway
* viajava duas vezes por ano no mínimo
*subornava o Kenneth Branagh a fazer outra adaptação de Shakespeare, a exercitar-se e a fazer pelos menos uma cena em tronco nú como no Frankenstein
* subornava o Alan Rickman a fazer de Mr. Rochester (Jane Eyre)
(claro que nos últimos dois casos também assistiria aos ensaios)
* comprava uma casa em Armação de Pêra
* ia nadar com os golfinhos do Zoomarine uma vez por ano
* assitiria a concertos privados de Michael Bublé, Russell Watson, Pearl Jam
* comprava todos os exemplares da Margarida Rebelo Pinto e fazia uma bela fogueira
* não acabava de ler a sebenta de Introdução às Ciências da Linguagem...

Aaaah... Grande suspiro... A vida seria bela

Monday, October 23, 2006

Uma questão cultural?

Enquanto a Oprah dá carros e blackberries, o Manuel Luís Goucha oferece dois quilos de arroz a cada membro da plateia. E viva o luxo! Oh coisinha pobre! Tristeza... Portugal está claramente na fossa quando um bando de badamecos saltam aos pulos num estúdio multi-colorido às onze da manhã por dois quilos de arroz...

Olhem só o que eu sei fazer



Ah, que saudades dos workshops do Congresso Mundial de Salsa... Aqui está o workshop dos Salsa y Punto. Parece que foi ontem que eu e o Sérgio andavamos a fazer este passo (tirando a parte final com a cabeça a escorregar até lá abaixo, para isso é preciso muito abdominal - e também que o Sérgio parasse de dizer "Toma lá pinhões!" em cada queda). Isso é que foi um fim-de-semana! Ali a fazer exercicio físico até cair... os belos cinco quilos que eu perdi nessas cinquenta e tal horas... Agora só para o ano!

Thursday, October 19, 2006

Dia roubado, sorriso infinito

Roubei um dia ao tempo. Não devia. Não podia. Mas... aconteceu! Foi acontecendo. E mesmo sentindo na pele o esforço redobrado que terei amanhã não posso senão sorrir ao que tenho hoje. Como sabem bem estas prendas do destino! Estes dias que à partida não apostava nada neles mas depois florescem entre os meus dedos. E um sorriso brilhante que desponta pela manhã e permanece fiel no meu rosto, até às altas horas da noite. Descrições incapazes de comportar-me nelas, narrações que não servem. Este meu coraçãozinho pequenino para tanta alegria. Por nada e por tudo! Lágrimas que espreitam a cidade desfocada do canto dos meus olhos, sussurando de mãos dadas. Fecho os olhos e suspiro lentamente. Vejo o dia que desfila em memórias frescas.

Adivinhas em alemão, conversas em inglês, aquele cabo das tormentas mental finalmente dobrado (teacher's pet again!). Almoços, conversas, cantorias, cinema. Sentir-me de volta ao ninho numa sala de cinema, naquela sala, naquelas cadeiras... Sozinha numa sala de dança, no escuro a declamar Shakespeare... Abro as asas e a voz, baixinho, e sou feliz, toco o céu dali, naquele pedacinho de nada. Com o peito cheio demais para respirar. Aula de salsa que me enche a alma e o corpo. E esqueço-me de mim. Porque a certa altura eu deixei-me para trás. Deixei o falso de mim para trás. Deixei o meu próprio corpo para trás. Vejo alguém diferente nos olhos dos meus pares. Risos, brincadeiras, elogios... E acredito, e sinto no corpo (meu e deles) que posso ser a melhor. Porque encaixa. Porque encaixo. Aqui e na aula de kizomba. Encaixa... Jantar com amigos, conversa vai, conversa vem... um bife grelhado com limão de fazer chorar, de enfiar o dedo na bochecha como os italianos! Fugir da chuva para mais dança... Rumba, slow rithm... a poliglota das danças, é o que já me chamam, a todo-o-terreno... e eu sorriu e converso e sinto-me em casa e sou feliz...

E agora, com Norah Jones que me aconchega os pensamentos e os pés cansados, uma caneca de chá de menta a fumegar, a cama aberta que já promete sonhos e mil e um mundos para conquistar... agora solto uma das lágrimazinhas e sei que por muito que ainda me possa faltar não poderia ser mais feliz...

Wednesday, October 18, 2006

Mensagem

Sentada na cadeira de baloiço a ler "trabalho"... (Não posso dizer de consciência tranquila que a Utopia, porque embora seja realmente um dos items de uma das bibliografias obrigatórias sabe mal afirmar convictamente que um livro que me delicia é "trabalho") ... Olhos cansados, fecha o livro, respira fundo... Um, dois, três... pronta para reiniciar a marcha! Abro o livro, o marcador escorrega, estico-me para o apanhar. E quando lhe pego noto em algo que há tantos dias me passava ao lado. Algo escrito no lado de trás:

"Ler, ler, ler
viver a vida
que os outros sonharam."
Unamuno

E fez todo o sentido...

Monday, October 16, 2006

The Lion in Winter



Grande, grande filme (the wittiest(?) thing I ever saw!)... Avé Glenn Close! Avé Patrick Stewart! *vénia e baba!*

Suspiro... sou uma incompreendida em casa! Aqui todos odeiam The Lion in Winter (cambada de broncos ignorantes e sem gosto!... ainda por cima não gostam do Kenneth (not to the point, but anyway...))... e depois admiram-se de eu não gostar de ver filmes em família!

Dias chuvosos, trabalho empilhado

[fim de tarde]

Mais um texto acabado. Linguagem, dialecto, fonemas... palavras que fecho com a sebenta. Fecho os olhos e respiro fundo. Espreguiço-me demoradamente. Sabe a justo! a merecido depois de mais um texto despaxado. Mudo de música no mp3. Da banda sonora do Sense and sensibility para Tori Amos (parece que ficou!). Levanto-me para esticar as pernas. Faço um cappuccino descafeinado que "não é café!". Pode ser chato, mas o trabalho (por enquanto) sabe-me bem. Passo por um espelho e mimo a curva que se desenha nas minhas costas. Sento-me novamente para mais uma leva. Apanho o cabelo como quem arregaça as mangas. Lá fora e na televisão há pares de namorados que passeiam, mas aqui está tudo calmo. Namoro-os como (a)os livros na Fnac. Apoio a cabeça no ombro direito - *beijinho!*. Por agora basto-me. Eu e as nossas memórias à mesa. A caneca que me deram e uma pilha de trabalho tão grande que me sussura que sou capaz, que me faz sentir útil e produtiva, que me pisca o olho e me diz que saberei viver a minha vida como um barco que encontra o porto, mesmo depois de muito viajar...

Fumo pelas ventas

Viver em convivência significa suportar os hábitos dos outros. Esses inquilinos indesejados que não conseguimos expulsar. Respiro fundo... interiorizo que comigo não é diferente - não sou pêra doce cá em casa!... Não serve de nada. Continuo de cabeça quente. Fumar faz-me saltar a tampa! Enerva-me, irrita-me, repugna-me! Não costumo ser tão extremista no social, na rua, nas saídas à noite tudo bem. Passa-me ao lado. Mas em casa é tolerância zero! Porque embora seja um espaço espaço comum, é também o meu espaço. Onde penso, onde leio, onde sonho. Sinto os meus suspiros envenenados neste miasma. Vejo aquelas nuvens cinzentas que pairam e me abraçam como uma gosma aérea. Aquele àr pútrido onde relaxar é impensável. As paredes amarelam, o àr revolta-me às entranhas. E não preciso de um cinzeiro populado de beatas, basta uma a vários metros de distância para o meu olfacto se recusar a partilhar aquele espaço. Reajo automaticamente ao clique do isqueiro; levanto-me e parto para fora dali. Não suporto o que se segue - o cheiro, a tosse, as cordas vocais a apertarem, o odor fedorento entranhado na roupa, no cabelo, na pele... não, não consigo! Não em casa... porque não acho que tenha de suportar... afinal, estou em casa.

Tuesday, October 10, 2006

Jane Eyre # 1

No sooner did I see that his attention was riveted on them, and that I might gaze without being observed, that my eyes were drawn involuntarily to his face; I could not keep their lids under control: they would rise, and the irids would fix on him. I looked, and had an acute pleasure in looking, - a precious yet poignant pleasure; pure gold, with a steely point of agony: a pleasure like what the thirst-perishing man might feel who knows the well to which he has crept in poisoned, yet stoops and drinks divine draughts nevertheless.

[...]

He made me love him without looking at me.

Sunday, October 08, 2006

E agora o nosso momento culinário # 2



Mais uma especialidade da casa... so é pena não ser em calda!

Saturday, October 07, 2006

Esvazia-me nos teus braços...

Vou fechar os olhos. Seguir o embalo. Apaixonar-me e acordar no fim da música. De vez em quando sabe bem. Joana, é um caminho perigoso, vais-te magoar... never fear! sou crescidinha! Sei brincar no safe side dos meus limites. E é algo que preciso de fazer. Preciso de me entregar, de não pensar no que devo ou não fazer, de silenciosamente esvaziar o tanque. Todos os romances, filmes, discursos (do Kenneth), pares de namorados na rua, músicas românticas e duetos - é assim que os enterro. Para fora de mim com uma dança. Liberto-os de mim como ar gasto num enorme suspiro. Para depois não haver nada senão eu. Para vos poder ver juntos aos pares (vocês e vocês e vocês e vocês), estar convosco limpa, sem fantasmas ou espectros verdes como a inveja. Não quero que haja pesos ou nós na garganta. Por isso deixa-me apaixonar-me de vez em quando, hoje. As minhas mãos entre o teu pescoço, as tuas nas minhas costas. A tua face na minha, cheek to cheek como cantava Ella Fitzgerald. Shhhhh! Não digas nada! Não quero que tenhas identidade; não te quero levar comigo. Deixa-me ficar assim, só mais uns compassos... assim, até o mundo real me reclamar para si outra vez...

Segredos na sombra

Há segredos que custam a manter. Partes de nós que mantemos na sombra. Não, não quero falar. Desta vez ninguém vai saber por mim. Vão aprendê-lo ao vivo. Sozinhos. Não vou contar, ao contrário do que sempre fiz, vou ficar calada. Custa, porque não está na minha natureza este tipo de reserva. Há coisas em mim que ainda não sabem... e tenho pressa porque não sei quando tempo mais vou conseguir manter-me assim, fiel a esta promessa que me fiz. Shhhhh! Há algo que espera por rebentar, parte da minha vida (e que parte tão grande) que se quer desvendar. Mas não! Engulo a minha vaidade e as minhas histórias e mudo de assunto. Porque desta vez não quero espectativas. Não quero olhos cravados em mim à espera de algo que nunca tenho a certeza de poder dar. Aquele coração palpitante que me salta do peito, aquele nervosismo que me impede de falar claramente e me deixa ainda mais nervosa. Por isso desta vez não vou contar. Eu sou a faculdade e a salsa e nada mais... o resto está morto como Julieta, à espera que venha Romeu. O resto... o resto que voltou, o resto que cresce, que me alegra, que me traz vida... Shhhhh!


[Atenção aos comentários; não quero que se descuidem, seus línguas de trapo!]

Thursday, October 05, 2006

Operaman canta Evenflow


Mais uma grande personagem do Adam Sandler - Operaman! Isto, claro está dentro do formato único e insubstituível o Saturday Night Live... Se dedico o post? Pois... à bee!

Wednesday, October 04, 2006

Doce adrenalina

Chego a casa cheia e cansada. Feliz. Já tinha saudades. Já me faltava esta ansiedade, esta correria, este modo de vida que me faz sentir tão... business-like. Actividades encavalitadas umas em cima das outras, horários apertados, a agenda sempre à mão, escrevinhada em todos os próximos dias, listas de a fazer que se criam, montam e desmontam na minha mente. Chá e apontamentos para passar (ainda não, mas já se adivinham), livros que espreitam na estante para serem lidos, estudados, analisados... outros fazem apostas sobre qual será o próximo que pegarei por lazer... Sabe bem perguntarem se posso, se ainda estou disponível. E pegar na agenda para verificar, e toda a matemática para (re)encaixar o mais possível.

E amigos... Sabe tão bem voltar ao Quente e Frio, conversar nas pausas (agora mais longas), partilhar histórias e gargalhadas ("Rambutan em calda!" e risos até chorar). Porque a internet não sacia; faltam-me os vossos gestos, entoações, caretas... faltam-me todos em conjunto, as fotos, as parvoeiras, os abraços, os miminhos... até as secas de algumas disciplinas, o quase adormecer e desesperar ao olhar para o relógio. Tudo me fazia falta... Agora tenho tudo de mim em funcionamento, voltei a ser um arco-íris completo. Não sei exactamente de onde surgiu, ou se vai dar a um pote de ouro, mas neste momento basta-me sentir assim... viva e cheia, como o doce amargo de uma chávena de café ao começar o dia.

Tuesday, October 03, 2006

A sorta fairytale

on my way up north up on the ventura I pulled back the hood and I was talking to you and I knew then it would be a life long thing but I didn't know that we, we could break a silver lining and I'm so sad like a good book I can't put this day back a sorta fairytale with you a sorta fairytale with you things you said that day up on the 101 the girl had come undone I tried to downplay it with a bet about us you said that- you'd take it as long as I could I could not erase it and I'm so sad like a good book I can't put this day back a sorta fairytale with you a sorta fairytale with you and I ride along side and I rode along side you then and I rode along side till you lost me there in the open road and I rode along side till the honey spread itself so thin for me to break your bread for me to take your word I had to steal it. way up north I took my day all in all was a pretty nice day and I put the hood right back where you could taste heaven perfectly feel out the summer breeze didn't know when we'd be back I don't didn't think we'd end up like and I'm so sad like a good book I can't put this day back a sorta fairytale with you a sorta fairytale with you I could pick back up whenever I feel a sorta fairytale with you a sorta fairytale with you a sorta fairytale with you I could pick back up whenever I feel

[video lá em baixo]

Sunday, October 01, 2006

As mesmas páginas

Jane Eyre arrasta-se. Não é culpa do livro, não, longe disso! Cansa-me e inquieta-me simplesmente porque me assombram todos os outros livros que tenho em lista de espera. Porque a cada parágrafo olho de relance as prateleiras deles, tenho vislumbres de outras capas, outras páginas nas entrelinhas de Jane Eyre. A cada frase imagino novas frases, frases por descobrir, autores e narradores por conhecer. Porque a ampulheta vai-se esvaziando e eu fico ansiosa e inquieta ao ver o tempo a passar, portas que se fecham para o Inverno literário. A minha vida que retoma, as minhas leituras interrompidas. Até às próximas férias... Arrasto Jane Eyre porque não me consigo concentrar na sua voz (porque os outros também gritam por colo) e me obrigo a reler onde (me) desliguei.

Conversas na noite # 3

Pah, o problema é que ele não deixa que eu me enrosque e assim é difícil! Seu não me enrosco neles eu depois não percebo o que é que eles querem que eu faça!...

(Vai uma kizombinha?...)

Friday, September 29, 2006

Trivialidades da casa

(continuando o mote do top six)

1. Não sei comer salada de alface sem ser com as mãos. Fazer-me confusão e enerva-me as folhinhas escaparem do garfo. É uma perseguição estúpida e sem sentido.

2. Tenho problemas em ter um ritmo de vida equilibrado. Não sei o que isso é, já tentei mas nunca fico nesse ponto por muito tempo. Ou vivo a minha vida ao máximo, com um horário acrobático, cheia de vida, coisas e pessoas, ou então - nada! Passo os dias entre sestas e preguiças e um livro sempre no regaço.

3. Problemas de ansiedade. Não durmo na véspera da véspera de Natal, nem antes dos meus anos ou de exames, ou de um simples passeio a Sintra com os amigos. Pareço um daqueles cães que ficam fixos na bola e não vêem mais nada.

4. Na véspera de Natal (tradições!) ainda vejo Um porquinho chamado Babe na cama e durmo com um peluche (se tiver "inspirada" ainda desço ao ponto de pedir um beijinho de boa-noite ao meu pai)... O que se há-de fazer? Eu gosto de me sentir criança na véspera de Natal... depois acordo normal!

5. Sabem aquela série, Once and Again, com aquelas cenas a preto e branco em que as personagens falam do que aconteceu como se estivessem numa entrevista? Gostava de fazer o mesmo com a minha família. Colocar um gravador sem que soubessem e gravar o que dizem. Depois queria escrever as suas histórias com as suas próprias palavras. Tenho esta ideia há anos. Desde que li a Aparição. Aquela cena dos albuns de fotografias marcou-me. Pegar numa foto dos meus avós e perguntar

- Avó, quem são estes?
- Não sei querida, são família do teu avô.

... engraçado! Há dois meses, quando ele ainda estava vivo, eram família. Agora que morreu são apenas pessoas numa foto. Ninguém sabem quem são. Quem foram. Isso assusta-me. Pensar que ninguém se vai lembrar desta gente, quem ninguém vai saber que o meu pai abriu um concerto das Doce, que a minha tia-avó chama à rotunda "bolacha" (Oh Maria Alice, dá aí a volta à bolacha e viras logo na segunda saída."), que o meu avô ganhou um concurso a dançar a valsa... Porque não quero que eles morram comigo.

6. Gosto de ter meias o mais colorido e estranho possível. É como um segredo! Posso vestir uma roupa serena, informal e simples... mas as meias, que só eu vejo, são como uma criança com a língua de fora - vivas, alegres e sem regras!

Thursday, September 28, 2006

Canecas e mais canecas!


Depois de tanta conversa acerca de chá e canecas aqui estão elas - as minhas canecas! No total são vinte e seis. Com riscas, bolinhas, bonecos, grandes, pequenas, redondas, com tampa... you name it!

Tuesday, September 26, 2006

Peter Pan - Mr. Darling

Mrs. Darling consulted Mr. Darling, but he smiled pooh-pooh. "Mark my words," he said, "it is some nonsense Nana has been putting into their heads; just the sort of idea a dog would have."

[...]


And still Wendy hugged Nana. "That's right," he shouted. "Coddle her! Nobody coddles me. Oh dear no! I am only the breadwinner, why should I be coddled, why, why, why!"

"George," Mrs. Darling entreated him, "not so loud; the servants will hear you." Somehow they had got into the way of calling Liza the servants.


Oooh! porque é que parece já não haver lugar para histórias como o Peter Pan? Para aquele humor que tanto gosto. Já vi o Peter Pan de 2003 um sem número de vezes. Adoro. Tudo! Os cenários, os actores, os diálogos, a banda sonora... tudo, tudo! É a melhor adaptação feita até agora (pelo menos é o que se diz e eu concordo!). Quem vê não consegue deixar de sorrir (tirando os pobres de espírito). Sim, quando meu pai entra na sala e eu sou toda um sorriso imenso e ele returque: Ah, estás a ver isso? Mas isso não é para crianças?... Não há palavras, apenas uma almofada a voar!

Sunday, September 24, 2006

No fim da tempestade

Todas as discussões são estúpidas. Porque teoricamente há sempre outro caminho. Mas no meio de toda a sua estupidez há sempre algo bom que se pode guardar. Sim, acredito mesmo que nada é totalmente mau, pelo menos não com as discussões. Hoje, enquanto a ferida sara e a minha respiração regressa lentamente ao normal, apercebi-me de como sou forte. De como a minha carapaça endureceu ao longo das discussões que tivemos. De como cresci (porque nas discussões também se cresce, se amadurece). Estou preparada como que para um terramoto (mantimentos, lanternas, uma manta - tenho tudo cá dentro). E por muito catastrófico que seja o estado desta minha vilazinha depois da tempestade, sei que aprendi o suficiente para sobreviver sozinha. As tuas ameaças são como vento porque já não há nada que possas fazer que me impeça de seguir em frente.

Dinheiro? Tenho o resto desta mesada que já não me tiras e as minhas poupanças, consigo manter-me por umas semanas até tudo voltar ao normal. Boleias? Por favor! há meses que não preciso de ti... Sair à noite? Só me podes proibir aos sábados, e esses podes tê-los todos! (Se pensares bem verás que és tu quem sai mais prejudicado disto).

É verdade que este ambiente sufoca. Os dias de pós-guerra que se seguem à catastrofe são sempre tortuosos. O silêncio pesado, o evitar-te e tu a mim, o deixar de comer para não me sentar à mesma mesa que tu. Mas não me importa porque fiz o que estava certo e porque sei ao infinito que o suportarei melhor que tu. Porque tu esqueceste que eu tenho muito mais prática. Parece que não te lembras do que já vivi! Visto a pele de autista mais uma vez, sacudo-lhe o pó e pronto! Mergulho para dentro de mim, para uma caverna cheia de tesouros e esqueço o teu mundo. Aqui posso deixar passar uma segunda Guerra dos Cem Anos se necessário. Tenho uma capacidade de isolamento invulgar e sabes disso - veio nos relatórios, disseram-te os vários psicólogos e professores. Tu sabes! Há castelos que ninguém pode destruir e isso conforta-me.

Agora, com o machado de guerra enterrado, não quero pensar mais no assunto. Ao contrário do que parece não estou triste ou zangada. Desde o início destas páginas que estou em paz. Estas não foram palavras de raiva ou ameaça, mas de contentamento. Fico feliz por descobrir que afinal não sou aquele bichinho fraquinho que podias castigar. Não! Ensinaste-me bem, mesmo nas discussões, mesmo contra ti. Não sou uma predadora, mas uma resistente. Tenho força para sair ao mundo e aguentar-me ao que vier. Não me tiraram o medo, mas deram-me um kit de sobrevivência.


"Tu és a coisa mais importante que vais conhecer." - Obrigada Luís, hoje essas palavras bateram fundo

Saturday, September 23, 2006

Conversas à noite # 2

Então não vais dançar esta?

Não, eu não gosto das salsas lentas. Eu gosto é das rapidinhas.

(Acho que não preciso de dizer mais nada! Ou melhor, nada do que eu diga pode tirar quaiquer ideias que se tenham alojado na vossa mente...)

Fame - High Fidelity


Comecei a ver o Fame no People and Arts. Achei piada, uma série típica dos anos 80. Podia colocar muita coisa cá no blog. Grandes coreografias, momentos mais emblemáticos. Mas preferi começar por aqui. Porque tem duas das personagens que mais gosto, porque simpatizo com a música (fica no ouvido!), porque gosto da voz doce e simples da Doris, e porque me traz de volta um livro que ainda não esqueci E logo, porque me lembra de ti, e de ti.

Eco que não quero

Sister Mary Clarence: If you wake up in the morning, and you can't think anything but singing, then you should be a singer, girl.

(a citação originalmente era dirigida para o acto de escrever - é só trocar singing por writing e singer por writer- Do cabaret para o convento II)


Esta citação assombra-me à meses. Todos os dias quando vivo a minha vida com legendas por baixo, quando penso já narrando, quando me sento em frente ao teclado. Cada metáfora que flui de mim parece colocá-la a bold. Mas desde aquele(s) elogio(s) que a cada dia que passa se torna mais difícil empurrar para dentro de mim essas palavras que me imobilizam. Parece que incham e já não cabem na gaveta. Gaveta! Como no Peter Pan:

[ Mother: There are many differente kinds of bravery. There's the bravery of thinking of others before oneself. And your father has never brandished a sword nor fired a pistol, thank Heavens! but he's made many sacrifices for his family and put away many dreams.

Michael: Where did he put them?

Mother: He put them on a drawer. And sometimes late at night we take them out and admire them. But it gets harder and harder to close the drawer. But he does. And that is why he is brave. ]

Mas esta não tem sonhos. Tem uma voz que soa e me assombra. Que me persegue, que não me larga. Como um cachorro a morder e a puxar-me pela bainha das calças. Não me tortura, apenas me cansa. Porque esse nunca chegou a ser um sonho, apenas uma tendência. Sempre gostei de escrever. Ponto! Gosto da minha forma própria de pôr as coisas. Gosto que as pessoas me conheçam assim. Por isso escrevo, por isso publico. Por isso venho aqui todos os dias, senão para escrever, para ler o que me deixam. Porque por escrito tudo parece mais simples. Mais arrumadinho e linear. A realidade tem outro brilho e aqui eu sinto-me verdadeira e embelezada, por trás de metáforas (tão minhas!) e de paralelismos. E por vezes sinto, sei, que quem me lê me conhece às profundezas da alma.

Friday, September 22, 2006

Conversas à noite

"Espera, está ali um buraco melhor."(*) ... Se eu tivesse um euro por cada vez que já me disseram isto... (Teria pelo menos cinco euros! Já dá para pagar o jantar... numa tasca...)



(*) Frase comum para quando alguém procura um espaço livre na pista de dança... Juro!

So this is love

My heart has wings, mmmmmmmm
And I can fly
I'll touch every star in the sky.

(So this is love, Cinderela Soundtrack)

Ao tentar adormecer foquei estes versos. Lembrei-me de ti. Tu que flutuas. Tu dos sorrisos estúpidos. Sorrio com carinho. Pelo que vocês teem, pelos maneirismos, pelas mãos entrelaças e sobretudo pelo brilho nos vossos olhos. E solto um suspiro esperançoso por mim. Por aquilo que sonhei em miúda (e ainda sonho, baixinho). Sorrio mais largamente por ficar por aqui. Por já não haver sentimentos verdes para sufocar, nem pesos e medidas para o que sinto à tua frente. Só ficou o suspiro, e é o que basta.

E agora o nosso momento culinário # 1



Para quem ainda não conhecia, aqui está ele: o tão aclamado, o tão citado, o tão cantado durante viagens no metro com a Martinha... Swedish Chef!

The Hours - Happiness

Clarissa Vaughn: I remember one morning getting up at dawn, there was such a sense of possibility. You know, that feeling? And I remember thinking to myself: So, this is the beginning of happiness. This is where it starts. And of course there will always be more. It never occurred to me it wasn't the beginning. It was happiness. It was the moment. Right then.

Alf - Old time rock and roll



Alf, uma série da minha infância... Saudades, saudades... Só é pena estar em espanhol

Thursday, September 21, 2006

Pássaro amarelo

Sentia-me uma gaiola vazia, oca, por onde passava o ar. Daquelas que esperam uso. E de vazia, por vezes o batimento do meu coração vazia eco nas suas grades. Seguia a minha vida normalmente. Sabia na pele que faltava alguma coisa, mas era mero conhecimento. A vida continuava. Agora tenho um pássaro amarelo cá dentro. Inquieto no seu poleiro. Bica as grades metálicas como se fosse madeira que conseguisse desfazer. Sem resultado. Fica exasperado por liberdade. Saltita freneticamente, preso na gaiola. E eu espero. Gasto os nervos a contar os segundos que passam. Peço coordenadas ao vento. Nada. O horário que não solidifica, o telefonema que não vem. Mergulho na contemplação do pássaro amarelo. Nervosismo e ansiedade percorrem o corpo. O tempo passa veloz e custa a passar. O pássaro começa a mirrar, a perder a cor. Espero e espero e peço para não esperar mais. Quero voltar. Soltar o pássaro e a voz, ser o que era antes. Ligar aquele holofote. Sentir o som vibrar dentro de mim, a promessa de uma nota a formar-se cá dentro. Prolongar-me, transmitir-me, viajar uns metros para além de mim. Num sopro. Quero ser o meu instrumento outra vez. Limpar as teias de aranha e recomeçar...

Noites encontradas

Noites perdidas que passam entre os dedos e o teclado. Tinha tantas saudades de esquecer o relógio na noite... Sabe a promessa de algo antigo, algo familiar... As nossas conversas de sinapses intermináveis. Dedos que se movem velozes no teclado (aquele ruídozinho constante das teclas), palavras que se soltam com o à vontade da nossa amizade. Já começava a sentir falta de me aconchegar nas tuas palavras, nas tuas parvoíces, de me aventurar nas minhas metáforas e paralelismos esquisitos contigo. Assim, como fazíamos antes. De sentir alcançar esta paz tão procurada quando estou contigo. Um estado de espírito ao qual tinha receio de não conseguir regressar. Mas agora está tudo como dantes. Um novo semestre amanhece mais solarengo do que o esperava. Até a noite parece mais calorosa. O frasco de bolinhas de sabão pisca-me o olho do parapeito da varanda. Tenho medo do silêncio das últimas noites, da ausência das férias, do negrume do próximo semestre sozinha, dos ciúmes que iria sentir, da verdade que não admito. Tinha! Past tense. Quase todos. Ainda tenho medos. Mas hoje estou tranquila. Já tenho o meu beijinho de boa-noite para me afagar o cabelo.

Sim, esse foi outro. Sou como um ermita que chegou finalmente ao seu destino. Ultrapassei as montanhas no meu caminho, suportei as dores da viagem e agora, finalmente, começo a chegar a casa. Tremi. Esfreguei os olhos para me certificar que li correctamente o monitor. Lá estava, a minha medalha. A minha pessoa descoberta sobre aquele mesmo holofote. As palavras tão ansiadas, tão antecipadamente choradas. E saber que não mostrei o caminho ou que não pus palavras na boca de ninguém. Que mesmo assim a estrada foi dar à mesma saída. Ao mesmo feedback. Como é doce este mel! Talvez eu seja especial. (Especial somos todos!) Cocktails de personalidade... Talvez seja mesmo verdade que a minha mistura é bonita... De qualquer forma, como é bom chegar a casa. Casa. Porque é assim que me sinto. Dentro do meu próprio diminutivo, nas vossas palavras... Como um beijinho de boa-noite ou um abraço apertado e sorridente.

Wednesday, September 20, 2006

I love you

Tenho medo do fim. Não é tanto o medo daquilo que está quase a começar, mas daquilo que acaba. Do que pode acabar com ele. Porque embora eu não o diga, I love you all people. E sabem que se assim não fosse, que nunca me daria desta forma, doida e estranha. Que sou demasiado fechada para me abrir a quem não amo. Cada vez que faço algo estranho, é porque gosto de vocês. Porque me atrevo a ser eu, mesmo quando vocês (me) fazem caretas. Por que you feel like home...Só queria dizer outra vez...

Pontapé no rabo

Estas sensações custam... Um pontapé no rabo. Aqui estou eu agora - uma ilha no meio da cantina. Não tenho nada comigo desta vez (nem mp3, nem livro), não contava com uma ordem de despejo. Olho para o relógio e espero. "Joana em stand by". Olho para o tecto e para as pessoas que passam. Espero. Remexo a mala à procura de algo que me entretenha. Que me ajude a passar o tempo. Nada. Suspiro. Mexo-me na cadeira. Olho para o relógio. Suspiro outra vez. Espero que eles voltem, cheios de histórias e gargalhadas. De coisas e factos que desconheço. Para eu escutar, calada. Imaginando e invejando. Tenho vontade de partir, de tapar a ferida com um filme, esquecer. Há tanto à minha espera, porquê ficar aqui? Para voltarem e meterem o dedo na ferida com o seu entusiasmo? Para ouvir histórias das quais nunca poderei participar?... Porque tenho saudades deles. Porque anseio ver as mesas do Quente e Frio cheias. Tenho saudades do que era antes. Tenho medo do que não poderei ter. Desta incerteza negra que me gasta os nervos. Sinto-me um cão à porta da padaria. Cá fora... Não é culpa de ninguém, o que não alivia nada. Ter este... castigo por uma mão abstracta. Não poder apontar o dedo, não ter contra quem gritar. Simplesmente não pertenço aqui. Não agora... Eu não grito, não choro, não faço ondas. Mas dói. Esta ferida que não é uma ferida. Porque não sangra, não se mostra. É mais uma nódoa negra numa zona escondida do meu corpo. Eu espero veemente por algo que nem sei o que é. Não é pena nem histórias. Não são gargalhadas afiadas que ferem, nem ver a evolução que não passará por mim. É um abraço. E um beijinho. Dizerem-me que as tradições são uma treta. Que eu ainda estou aqui, sólida e palpável, à vista de todos e acima desses rituais passageiros. Mesmo que eu já o saiba. Quero ouvir outra vez. E um beijinho... (e uma massagem!).

E do vazio fez-se luz

Há pessoas que surgem do nada. Materializam-se na nossa vida de um momento para o outro... Não, não é bem isto. Elas sempre estiveram ali, visiveis e palpáveis. É a velocidade com que as coisas se desenvolvem que nos espanta. Já vi isto acontecer uma vez. Não, também não é disso que quero falar. Não é este o caso. Não é isso. É simplesmente o perguntar-me como depois de tanto tempo de espera, de indagar e duvidar..., como é que depois de tanto remoer as coisas se desenvolvem da noite para o dia, como se desde o início apenas bastasse um estalar de dedos. É a descontração com que agora convivo com quem apenas podia sonhar amizades. É estranho e confuso. Surpreendente...

Mas sabe bem. Verificar que não é preciso muito para o que dávamos como certo dar uma volta de cento e oitenta graus, que não há impossíveis... É uma sensação doce, deixar para trás o eu que odeio e passar à verdade. Passar à espontâniedade. É o sentir-me em casa, sentir o conforto e o carinho de palavras alheias, tocar essa manta que me envolve. Há pessoas que me aquecem a alma...



"There's a double meaning in that"

Monday, September 18, 2006

Are you more cat or dog?




You Are: 50% Dog, 50% Cat



You are a nice blend of cat and dog.

You're playful but not too needy. And you're friendly but careful.

And while you have your moody moments, you're too happy to stay upset for long.



Bem, é um resultado feliz... E um teste estúpido... Way too much time available!...

Top six

Seis coisas aleatórias sobre mim? Bom, vamos lá dar o contributo:

1. Chocolate, o meu maior inimigo

2. Dançar, quanto/s mais melhor

3. Há uns quatro anos criei o meu próprio alfabeto (tipo Lord of the Rings)

4. Kenneth Branagh *agarra uma almofada e baba em frente ao televisor* ("weeps, sobs, beats her heart")

5. Não gosto de queijo

6. Choro nos desenhos animados da Disney se estiver deitada.


Depois disto e do Barry acho que algo em mim despertou... O monstro das listas!, Uma coisinha frenética cuja realidade surge em pontos.

Sunday, September 17, 2006

Homens!

Nunca me dizes nada. Fogo! Eu sei as coisas das outras pessoas, tu a mim nunca me dizes nada.

Suspiro... Está bem:

- O Luís anda a desafiar-nos (um colectivo ao qual tu não pertences... pelo menos ainda) para participar na mini-maratona.
- Mas quem é o Luís?
- Não conheces.
- Então se eu não conheço, porque é que me andas a falar do Luís?? (não são bem as tuas palavras, mas é o que ficou por dizer).

Moving on... Mudo de assunto, ponho-te uma dúvida que tenho. Ainda não é um problema, apenas uma dúvida. Coisa não muito grande, só para arriscar deixar-te participar na minha vida, nas minhas decisões. E a resposta? Essa vem num tom de senhor-do-mundo perante as questões idiotas das suas criaturas. E aquele aceno de cabeça no fim, como um juiz que diz caso encerrado, esse aceno é a gota de àgua. (Então não é óbvio? Não podes fazer as duas coisas - como se não conhecesses a minha capacidade de organizar o tempo. - Duh!). E isto como se eu fosse uma marioneta, como se eu fosse um quadro vazio, pronto a preencher a teu bel-prazer. Como se as minhas opiniões sobre o meu tempo e o meu corpo não fossem a grande fatia do bolo.

Quer dizer, queixas-te quando não te conto da minha vida, mas quando o faço respondes-me nesse tom de mestre supra-sumo! Obrigadinho! Da próxima não levas nada, por muito que choramingues... Vá-se lá entender os homens... E depois nós, mulheres, é que somos complicadas!

Lembrei-me da discussão das flores e dos limões, consequentemente lembrei-me de ti

Friday, September 15, 2006

Write me something new(*)

Escreve mais Joaninha.... Sabe bem o reconhecimento, sabe bem esta valorização nova... Sabe bem, sobretudo por observar-los/vos a descobrirem um lado novo. É aquele desvendar um elemento surpresa. Tenho estes estranhos mecanismos em mim que me fazem esconder-me dos outros. Esconder o bom. Para depois de "separar o joio do trigo" (sejamos sinceros, há pessoas que preferia não ter conhecido e pior, que não me tivessem conhecido a mim - inteira!) poder dar-me de verdade, mostrar-me sem medo de ser repudiada ou rebaixada. Não é um drama!, é um simples mecanismo de auto-defesa. Já sei!... sai-me o tiro pela culatra, há tantas amizades que poderia ter feito sem estes artifícios... Não estou aqui para lições de moral! Reconheço o que está mal e tento diminuir a dose... Mas é estranho, encontrar o equilíbrio, porque não sei ser meia de mim. Ainda tento essa corda bamba, mas acabo sempre por cair na rede. Ou sou inteira, a festa e orquestra completa, foguetes incluídos, ou não sou nada - um fantasma de mim.

Sê inteira, sê autêntica, não tenhas medo... Não consigo ser assim - vaguear pela rua de braços e coração aberto - eu jogo pelo seguro, vou pela sombra até realmente valer a pena banhar-me ao sol. E verdade seja dita - quantos de vocês me aceitariam inteira, sem uma iniciação? Sem uma introdução? Quantos não ficariam assustados, não se afastariam? Tu fritaste sozinha, e foi assim, de repente!... Não, eu sempre fui assim, o pacote completo. Mas nunca (me) tinha libertado assim sob pena (e certeza) de ser mal recebida. Porque eu sou uma pessoa... peculiar. Digo coisas estranhas, faço coisas estranhas, gosto de coisas estranhas. Eu sou uma mistura eclética e invulgar. E não há mal nenhum nisso. Também não dá direito a nenhuma condecoração. Simplesmente sou assim................. afastei-me completamente daquilo que queria dizer. Escrever ao sabor da pena é mesmo assim. Vamos recomeçar:

Escreve mais Joaninha... Os elogios trazem consigo o espectro de uma nuvem negra - a espectativa. Escreve, quero ler mais coisas tuas... a minha mente fica em branco. Um monitor vazio com o espaço das futuras letras a piscar... E começou a ouvir, incessantes, aquelas musiquicas irritantes dos concursos de televisão, quando um concorrente está a pensar... Nada! Não tenho nada de valor para dizer. Não hoje. O meu poço está seco desta sede de vos saciar a vontade. Quando se conquista tempo de antena é difícil definir prioridades... não sei por onde começar... Que janelas abrir primeiro... Está noite está frio. Mantenho as fechadas. Vamos esperar o nascer de um novo dia.

(*) blog da xary

Wednesday, September 13, 2006

Quem dera uma aldeia de hobbits

Volto para casa. Uma viagem à Nossa Senhora da Asneira, como dizia a minha avó. Perdi o autocarro e voltei para trás. Está frio. Se calhar é só psicológico, o meu estado de espírito mais confuso e vulnerável. Mãos nos bolsos. Já é de noite e a sigo a minha sombra até casa. Pearl Jam no ouvido - Parachutes (que ficou), Army Reserve, Come back ... Penso com os meus passos. Na minha vida, nas decisões iminentes que tenho de tomar. Vejo o meu reflexo nas montras. Sigo em frente, acompanhada pelo tilintar feminino dos brincos. E de repente, por uns segundos, as ruas familiares de Lisboa soam a Nova Iorque. Os meus problemas parecem os de uma personagem de uma série qualquer em Nova Iorque. E rio comigo, pensado em como seria bom que as patetices que escrevo aqui servissem como ganha-pão. Como se houvesse um grande plano televisivo do meu monitor enquanto escrevo... Respiro fundo e atravesso a estrada. Ruas desertas, ruas amareladas pelos candeeiros. Mais uma vez o tal assunto.

Porque não vais para interprete? Podias trabalhar num consulado ou numa embaixada, ou até mesmo na U.E! ... Não faças essa cara, Joana, cada vez funcionamos mais a nível europeu e se escolheste Línguas agora tens de te sujeitar! Vais ter de te habituar à ideia de trabalhar e, quem sabe até?, viver num país estrangeiro... Desligo o interruptor mental e calo o resto da conversa.

Será assim tão mau querer ficar no meu país? Ter um emprego pacato, sim, variar de vez em quando, talvez fazer umas traduções em part-time... É esta conversa que me desanima ao ponto de não ter palavras ou metáforas... Não é preguiça, é... afeição. Tenho um temperamento de madeira e quero criar raízes. Sim, é muito cedo para "assentar", mas mesmo assim, que mal teem as raízes? Os laços que não quero desfazer?... Não tenho jeito para adaptações humanas, para socializar, para... nem sei!

Tens de ir à luta, Joana. Nada te vai cair no colo, tens de te mexer! Ir para o estrangeiro, não queres conhecer o mundo? Mas não tens curiosidade? Uma cultura nova, pessoas novas! ... Sim, quero "conhecer o mundo", quero sair por aí e farejar o mundo e precepcioná-lo pessoalmente, ver com os meus olhos, sentir os cheiros, decorar os sons, torná-los todos meus... mas quero voltar! Quero a minha casinha, quero esta Ocidental praia Lusitana... Quero educar os meus filhos na língua de Camões. Quero pacatas livrarias, bibliotecas cheias de livros mil e uma vezes folheados, quero editores e tradutores, explicadores, professores... talvez um consulado ou uma embaixada aqui... tratar do mundo lá fora cá dentro...

Porque não podemos ser uma aldeia de hobbits? Porque não podemos atingir todo o nosso potencial aqui, porque é que temos de "atingir todo o nosso potencial"? Mais uma vez, não é preguiça, é saber quanto custa reconstruir amizades, conquistar uma cidade com os sentidos, viver uma independência por partilhar... É abandonar o que amo. Quem amo. Não quero sentir uma lágrima a formar-se com a visão de uma planície alentejana pendurada num quarto estrangeiro.

Não quero sentir o destino a arrastar-me como uma ventosa. Esse chamamento pútrido. Eu quero sentir o sol fraco numa manhã de Primavera, o sabor de uma taça de arroz doce caseiro, quero as ruas onde me perdi, onde chorei, onde cantei, onde tanta coisa se passou... Quero aquele nome tornado realidade na minha vida - Kathleen Kelly...

Tuesday, September 12, 2006

The shop around the corner

Já não me lembrava da sensação. Já lá vão anos desde a última vez. Soube bem. Soube a certo, soube a inacto. Aquele palminhar a livraria por instinto. No meio das minhas dúvidas surgiram uns minutos de sol, um véu de nevoeiro que se levantava para apontar para o mesmo caminho. O trabalho na livraria.

(Já oiço a voz do meu pai na minha cabeça. Não tem futuro, queres mesmo passar os teus dias com um ordenado daqueles? Então sempre quero ver como pagas a salsa, compras casa, asseguras a tua independência. Como vais sustentar os teus filhos? Como te vais prevenir para uma eventualidade? Então e extravagâncias - uma viagem, uns livros, uns dvds, jantares fora com amigos - como vais pagar para tudo isso??) ... e ele tem razão! Não quero prender-me a algo que depois me prenderá a mim de tantas possibilidades. Não quero ser um Rob Fleming. Trabalhar numa livraria não oferece grande autonomia económica, mas possuir uma... Sim, o sonho numa bola de sabão. Tão frágil e sonhado que parece a memória opaca de uma lenda.

Entrei na livraria para pensar. Dedilhar as lombadas, sentir o cheiro a papel. Namorar os títulos e autores... E enquanto reorganizava os livros das estantes (tenho a mania de o fazer de vez em quando em qualquer livraria, colocar os títulos de certo autor por ordem) aconteceu outra vez: Olhe, a menina trabalha aqui? ... Ocorreu-me mentir. Porque sinto-me sempre tão em casa que é quase como se a resposta fosse mesmo sim. Mas Não, e encaminhei a senhora para o balcão. Procurava livros para os sobrinhos. As funcionárias, como que adivinhando colocaram o caso nas minhas mãos: Esta menina ajuda-a a encontrar o que precisar. E assim foi. E o que parecia um saber esquecido regressava a mim com uma ligeireza e naturalidade que me fez sorrir. Corria prateleiras por instinto, com um faro decidido e eficaz. Sabia o que queria e sabia onde estava. E de todos os livros de que me falaram já tinha eu lido ou conhecia o efeito que iria ter nos futuros donos. Kathleen Kelly... Lembrei-me de Kathleen Kelly acerca dos Shoe Books... E naquele momento senti que tinha passado fome, que tinha sido privada de algo essencial sem me dar conta e agora percebia como me pesara a ausência...

Abano a cabeça e penso que sou jovem. Talvez não seja má ideia começar uma carreira (de quê?) trabalhando uns meses numa livraria. Talvez seja para apenas o próximo nenúfar que a minha bússola aponta e não para a estação terminal. Talvez afinal...

O mundo lá fora é frio

Medo do grande monstro do desemprego. Receio de estar a tirar um curso... pouco utilitarista. Pânico de ver a minha mente em branco quando me perguntam o que quero fazer da vida?

Sim, mas qual é o teu emprego de sonho?Oh!, isso é diferente! Isso eu sei (sabemos todas) - Kathleen Kelly - mas isso é só um sonho imaterial. E mesmo que se realizasse, e depois? Será que conseguiriamos gerir uma livraria? E lidar com os editores, controlar o stock, atrair clientela? Uma livraria é mais do que ficar atrás de um balcão, arrumar livros e fazer embrulhos.


Falar com o(s) pai(s) é sempre uma ideia muito sui generis. É um balde de água fria, um tratamento de choque para a realidade. Informar-me sobre o mercado de trabalho, aperceber-me de verdade da percentagem monstruosa da taxa de desemprego, estudar as saídas proficionais, pensar no futuro, mesmo que tenha cadeiras horrorosas com professoras pérfidas, não veja os amigos, não faça aquilo que me dá alegria de viver e força para acreditar em mim ("porque não é a tua vida; o curso é a tua vida, não é andar por aí a dançar e a cantar")...

Vai, viaja para longe, vai tirar um curso no estrangeiro. Não, tenho medo! Apeguei-me às pessoas, à minha rotina que tanto trabalho deu a contruir, às minhas actividades... Sim, faz parte do processo de crescimento, uma nova etapa de independência e amadurecimento, estabelecer alicerces fortes para enfrentar o mercado de trabalho. Mesmo assim não consigo evitar uma lágrima que se me escapa. Tenho medo do mundo lá fora... É tudo tão vasto e agressivo... e eu sou só uma joaninha!

Volto para o morno e a tepidez do meu casulo. Ainda tenho cadeiras suficientes para construir um horário para o próximo ano. No ano seguinte logo se resolve. Não, são pode ser assim! Não me posso esconder por muito mais tempo. Vou seguir em frente, devagarinho, começando por uma estrada que não quero trilhar mas que de todas é a mais amena, e porque terá mesmo de ser.

Hoje meto o nariz de fora da toca. Amanhã terei de sair. Tenho medo do mundo lá fora.

Much ado about nothing

Benedick: Lady Beatrice, have you wept all this while?

Beatrice: Yea, and I will weep a while longer.

Benedick: I will not desire that.

Beatrice: You have no reason, I do it freely.

Benedick: Surely I do believe your fair cousin is wronged.

Beatrice: Ah, how much might the man deserve of me that would right her!

Benedick: Is there any way to show such friendship?

Beatrice: A very even way, but no such friend.

Benedick: May a man do it?

Beatrice: It is a man's office, but not yours.

Benedick: I do love nothing in the world so well as you - is not that strange?

Beatrice: As strange as the thing I know not. It were as possible for me to say I loved nothing so well as you, but believe me not; and yet I lie not; I confess nothing, nor I deny nothing. I am sorry for my cousin.

Benedick: By my sword, Beatrice, thou lovest me.

Beatrice: Do not swear and eat it.

Benedick: I will swear by it that you love me, and I will make him eat it that says I love not you.

Beatrice: Will you not eat your word?

Benedick: With no sauce that can be devised to it. I protest I love thee.

Beatrice: Why then, God forgive me!

Benedick: What offence, sweet Beatrice?

Beatrice: You have stayed me in a happy hour, I was about to protest I love you.

Benedick: And do it with all thy heart.

Beatrice: I love you with so much of my heart that none is left to protest.

Sunday, September 10, 2006

Momentos mágicos

Sentada no carro com um daqueles sorrisos parvos. Parvos, mas tão parvos, tão felizes que nem cabem nos lábios. Este é um daqueles momentos mágicos. Não, este não vou relembrar mais tarde. Isto porque felizmente (e graças a vocês, salseiros) tenho momentos destes (quase) todas as semanas. Não sei onde estaria sem a salsa. Não sei como estaria se tantas coisas não tivessem acontecido/aparecido na minha vida. É engraçado como no fim tudo encaixa. Destino? Não sei, nem estou interessada em rotular o que quer que seja que me faça sentir assim. Porque o sentimento basta-me. O sentimento sobra-me. Sinto-me tão cheia que me falta o ar, como uma descida a pique numa montanha russa. Sinto-me inebriada, a andar alegremente num mar de felicidade onde os meus olhos não conseguem alcançar o horizonte. É aquele sentimento de que falaste, o saber em nós que está (tudo) certo, que é verdade, que não falta mais nada.

Que mais me deixa feliz? Poder olhar para trás e sentir orgulho. Orgulho na minha metamorfose. Penso nas dúvidas que tive, nos caminhos que abandonei pela salsa. Poderia ter feito tanta coisa... Podia ser vocalista numa banda, podia ter ido sair com a "minha" juventude, ter encontrado a peça do puzzle. Mas não me arrependo de nada. Nada. E essa é a verdade. A verdade imensa que faz as palavras que saem da minha boca soarem tão certas: nada! Nada! Nada! É aqui que devia estar, aqui que pertenço. É o que enche a alma, a pessoa que sou hoje.

Deixei a menina perder-se num jardim labiríntico onde poderá descançar em paz, longe de mim. A pequena larva que via o Dirty Dancing todos os dias, que comia bolachas atrás de bolachas e sonhava uma biblioteca de sonhos. A que evitava todos os espelhos e fotografias que pudesse, que vivia no seu mundo e era apelidada de autista. Está longe. Inalcansável! Descasquei-a de mim, como um casaco de Inverno na chegada da Primavera. Feliz! Sorrisos parvos por todo o lado. Descarga eléctrica que percorre todos os poros. Tenho a alma lavada. Transparente. E sinto de/em mim aquilo que devia ter sentido durante tantos anos num casulo.

Há quem diga que sou atiradiça, provocadora com quem danço. Não, embora goste muito dos pares com quem danço, a verdade é que se flirto com alguém é comigo. Porque mereço. Porque pela primeira vez me atrevo a ser feminina e confiante. A trilhar um caminho do qual nunca devia ter saido. A menina de t-shirt, calças e ganga e ténis balança-se feliz de saias e saltos altos. Sinto-me tão autêntica que não me reconheço. Como pude estar tão longe de mim durante tantos anos??

Já nem me importam os pneus e a celulite. Aquela injecção de auto-estima que me dás devia ser vendida em frascos! Todo aquele teu discurso de que "nascemos para ser cheiínhas, que é assim que somos naturalmente bonitas" conforta e alivia. Tu fazes-me acreditar que sou (/posso ser) bonita assim, sem mais nada. Trazes paz de espírito e calma a esta maratona diética que nunca mais acaba.

Sinto-me feliz como um balão de ar quente. Sim, eu também flutuo. E rodopio!

E aquele pequeno milagre. Não esperava que alguma vez viesse a acontecer, já nem me ocorria dessa condição. Mas esta noite lá estava aquela mão, duas vezes! A convidar-me, espontâneamente, para ir dançar. Lembro-me perfeitamente do que disseste quando nos conhecêmos (já foi há um ano? ou mais?). Não me irias buscar, estavas mal-habituado, nós, mulheres, que te fossemos buscar! E nessa altura acenei a cabeça, como um contrato entre os dois. E hoje... tu vieste ter comigo. Como eu me ri enquanto dançavamos! e tu nem te apercebeste porquê. Mais um cabo das tormentas dobrado! Cumpriste a promessa solene que fiz a mim mesma de que faria chegar o dia em que serias tu a ir buscar-me. Um marco!... No fundo não quer dizer nada, mas para mim simboliza algo importante. A minha mudança, e mudar é bom!

A maioria das pessoas acredita que a alegria de dançar está no fenómeno químico da libertação de endorfinas na corrente sanguínea. A salsa é tão mais que isso! (Para mim) é mais do que tudo o que possam dizer que é ou tem a mais. A salsa é uma grande felicidade na minha vida, o meu mote libertador. É exagero, todos dizem. É verdade que sou exagerada e obcecada por natureza, mas sei em mim que sem a salsa seria ainda uma menina perdida na Terra do Nunca.

Dizes que há momentos mágicos. Para mim cada noite convosco, cada noite a dançar é motivo de alegria e profundo agradecimento. São uma infinidade de momentos mágicos dos quais talvez só fiquem o sentimento e as memórias desfocadas numas páginas na net. Mas não será isso suficiente?